Adolescentes são como jogadores de futebol semi-profissionais. A princípio seus pais exerceram o papel de “técnico” fazendo de tudo para que o “jogador” se desse bem. Mas lá na frente, o jogador, de forma às vezes mansa, às vezes dura, rebaixa impiedosamente os pais a meros torcedores.

Não pense que, quando o adolescente em condições normais (com pais ajustados, condições socioeconômicas estáveis etc) despede os pais, remetendo-os às arquibancadas, ele fica sem técnico. Não, ele elege dentro das relações de convívio já existentes uma pessoa para substituir os pais. Deixa esse outro adulto orientá-lo, aconselhá-lo, e se dispõe a ouvir até mesmo muitas advertências parecidas com aquelas recebidas de seus pais. Nessa fase, na tarefa de se tornar um adulto, muitos podem ajudá-lo, menos os pais!

Um provérbio africano diz que é preciso uma vila inteira para educar uma criança. É verdade. De que um adolescente mais precisa nesse momento crítico da sua vida?

De mentores, de pessoas sábias, que com jeito se achegam a ele e dão aquele toque especial. Não é verdade que o adolescente seja fechado para os adultos e queira só a companhia dos colegas. Ele quer e precisa da intervenção dos adultos. A verdade é que o adulto precisa pedir licença, ganhar o direito de ser ouvido!

Que pessoas são as mais procuradas para exercerem o papel de técnico substituto? Professores, jovens adultos, tios e tias, pastores ou conselheiros de jovens, pais de um amigo ou amiga, patrão etc. Em condições normais, esse trabalho é feito naturalmente e se mostra muito prazeroso.

E quanto ao adolescente cuja vida está marcada pela quebra do vínculo familiar? Ele precisa de um técnico substituto disposto a se doar em jornada dobrada. Ele vai testar a boa vontade do técnico. Pode ter problemas grandes nas áreas de auto-confiança e na habilidade de depositar confiança em alguém. Ele vem com uma história que precisa ser levada em conta.

As instituições de apoio precisam buscar na sociedade civil, em geral, e nas igrejas, em específico, técnicos voluntários, pessoas que se dediquem a esse trabalho com fé e coragem. As práticas alarmantes dos adolescentes de hoje são gritos de desespero num mundo onde os vínculos duradouros estão ameaçados pelo individualismo, que cresce a cada dia. Há muitas vocações no reino de Deus, inclusive a vocação de técnico para adolescentes em situação de grande risco social. Seja você um deles!

Fonte: artigo revitalizado da Revista Mãos Dadas, Edição 10,”O grande jogo da vida” novembro 2004.

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