Por Cássia de Oliveira

Você já leu Pollyanna? O clássico americano de Eleanor H. Porter, Pollyanna deve ser o tipo de livro recomendado nos consultórios dos psicólogos, eu imagino.

O livro, publicado em 1913, conta a história de uma menina cheinha de sardas, com grandes olhos azuis e de cabelo dourado, que se torna órfã de pai e mãe e vai morar com uma tia rica num pequeno povoado dos EUA. Pollyana vai sacudir a vida dos moradores da cidadezinha, inclusive da sua tia, uma viúva fria e rancorosa, com seu Jogo do Contente.

O que é o Jogo do Contente? Foi um jogo inventado pelo pai de Pollyanna para ensinar a menina a lidar com suas tristezas e frustrações. Era, basicamente, achar algo de bom em um fato ruim que acontecia. Aquela velha história de “tudo o que é ruim tem seu lado bom”.

Pollyanna era o tipo de criança que cativava e alegrava o lugar que estivesse, até cansar as gentes, como dizia. A cada alma triste, doente e distante ela ensinava o Jogo do Contente, que para além da aura de positividade, era uma lição de esperança, entusiasmo e boa vontade.

Resumo da história: Pollyanna transformou todo aquele povoado, pessoas consideradas “sem jeito” voltaram a sorrir para vida: teve perdão e reconciliação, teve gratidão e até um pai para um menino órfão – que Pollyanna encontrou um dia na estrada em um desses seus passeios que gostava de fazer.

O livro fez tanto sucesso que a autora lançou, em 1915, a continuação dele: Pollyanna Moça. O segundo livro conta a vida de Pollyanna adolescente e jovem. A garota se tornou tão conhecida por ajudar as pessoas com seu Jogo do Contente que já era considerada uma terapia, um remédio para curar os doentes da alma. Muitas pessoas, agora, pediam a jovem emprestada a sua tia, para dar uma dose de Pollyanna a alguém necessitado de otimismo.

Há dias em que é mais difícil levantar da cama para enfrentar a vida. Há dias que parece que tudo está fora do lugar e aquela desesperança vem e nos invade. Há momentos que parece que nada está legal, não temos satisfação em casa, na faculdade, na escola, no trabalho e até na igreja. As coisas insistem em não acontecer do nosso jeito, do melhor jeito possível ou planejado. Nos bad days só queremos afundar na nossa angústia escondida lá dentro do coração, totalmente incapazes de ver uma saída.

É aí, depois de passarmos um tempo sozinhos, em silêncio, refletindo, como diz lá em Lamentações 3:26-27, chega a hora de tomarmos um remedinho: uma boa dose de Pollyanna! E não estou falando em apenas ler e reler o livro, mas também tentar jogar o Jogo do Contente, se animar, ser otimista, se levantar e continuar, da forma como Pollyanna nos ensinaria se encontrasse conosco.

Sabe como o Jogo do Contente surgiu na história? O pai da menina era um Pastor que sustentava a família com doações da igreja. Em um Natal, Pollyanna orou, pedindo a Deus uma boneca de presente. Quando chegaram as doações na casa da família, a garota teve uma surpresa decepcionante: no lugar da boneca tinha vindo um par de muletas. “Por que alguém imaginaria que eu gostaria de um par de muletas?”, perguntou Pollyana, chateada. E o pai inventando o Jogo do Contente lhe disse: “Fique contente por ter ganhado essas muletas, Pollyanna, fique contente porque você não precisa usá-las!”. O pai lhe lembrou que Deus nos manda estarmos sempre alegres, na Bíblia existia mais de 800 textos que ordena nos alegrarmos, dizia ele.

Aí vai uma boa dose de Pollyanna para todos nós:

“Eu lembro da minha tristeza e solidão,

das amarguras e dos sofrimentos.

Penso nisso 

e fico abatido.

Mas a esperança volta

quando penso no seguinte:

O amor do SENHOR Deus não se acaba,

e a sua bondade não tem fim.

Esse amor e essa bondade são novos todas as manhãs;

e como é grande a fidelidade do SENHOR!”

Lamentações 3.19-24 

 

Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se!

Filipenses 4.5

 

  • Cássia de Oliveira, Jornalista pela UFRGS e repórter da AD Guaíba. Atua na área de comunicação cristã e como colunista. Noticiando boas novas.

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