Por Gabriela Prillip

O que mais ouvimos ultimamente, em qualquer círculo de amigos, é que viver está cada vez mais difícil e até doloroso. A gente parece não dar mais conta das mil coisas que se propôs a fazer.Tem aquela conversa do whats que já está há uma semana sem resposta e outra pessoa esperando um texto que você prometeu enviar tem dez dias. Fora isso ainda tem todas as demandas pra acontecer no trabalho e aquele relatório pra reunião de amanhã que você vai levar três dias pra terminar e ainda nem começou e mais as mil coisas dos cinco ministérios da igreja pra resolver. A inscrição do curso que precisava ter pagado ontem pra não perder a vaga. Ah, e aquela treta com a amiga que você guardou por muito tempo, que ainda machuca, mas ninguém tem coragem de falar sobre.

Muita coisa pra pouco você. E realmente, se a gente parar pra tentar olhar nossa vida, por um minuto que seja, por inteiro, pirar é muito fácil.

Primeiro porque a gente acha que tem que dar conta de tudo o tempo todo, e que, como se vive só uma vez, precisamos fazer tudo, e não só isso, mas fazer tudo ao máximo. Nenhuma oportunidade pode escapar ou passar sem pelo menos um teste mínimo pra gente sentir qual é e fazer todos os planos pra decidir o que vai ser.

E se for assim, realmente, viver é bem difícil, e isso porque talvez a gente esteja olhando pelo ângulo errado. Se a gente quiser lutar todas as batalhas e resolver a vida sempre pelos nossos planejamentos e forças, realmente, não dá nem pra começar e a vontade é parar por aqui mesmo.

Mas se a gente lembrar bem, esse (e outros) são fardos muito pesados pra serem carregados sozinhos. Tem muita coisa nessa bagagem que não precisa ser levada, mas também algo muito mais importante: nunca pediram pra que esse trabalho fosse só seu. Muito pelo contrário, existem pelo menos três pessoas do nosso lado que todos os dias pedem pra gente entregar todo esse peso pra que eles nos ensinem realmente o que é viver.

Esses pequenos atos de coragem e entrega que vão totalmente contra a cultura do “faça tudo enquanto eles dormem” e que tudo depende apenas de você e do seu sucesso pra chegar onde você quer, mas talvez não onde deveria. Eles apontam pro único caminho possível: um caminho onde o fardo é leve e nosso trabalho é descansar pedindo cada vez mais sabedoria para contar os dias até que alcancemos corações sábios. Essa deve ser nossa única luta diária: descansar na graça de um Pai de amor.

  • Gabriela Prillip, 25 anos. É marketeira, estudante de ciências do consumo, tentando lidar com a vida adulta escrevendo. Congrega no Projeto 242.

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