Por Cássia de Oliveira

Quando eu era criança, ganhei um jogo que tinha um pequeno tabuleiro verde e um número determinado de peças brancas que podiam se encaixar nele. O jogo era uma espécie de quebra-cabeça super complexo no qual você escolhia uma entre várias séries de peças já determinadas e tinha que conseguir fechar o quebra-cabeça apenas com aquelas peças da série escolhida.

O jogo era chamado “Cilada”: era simplesmente impossível de montar! Você perdia um bom tempo pensando em como organizaria todas as peças para completar o jogo. Tentava uma peça num lugar, não dava; depois noutro e em outro, e assim ia quase infinitamente; até encontrar o lugar exato para o encaixe perfeito.

Depois de um tempo e de várias tentativas é que o jogador conseguia pegar o jeito e montar uma série completa. Algumas séries eram mais difíceis que as outras, mas depois de um tempo e mais experiência no jogo, eu conseguia montar quase todas as séries e me sentia uma criança muito esperta.

Da mesma forma é o amor. Um complexo e demorado jogo de quebra-cabeças. Às vezes acontece de uma peça não se encaixar direito e não completar o jogo. E por infinitos motivos. Pode ser que aquele exato momento não seja o tempo certo para um relacionamento. Pode ser também que não seja a pessoa certa, que os dois não tenham afinidade o bastante e nem propósitos de vida em comum. Pode ser também que um dos dois não esteja preparado para se relacionar no presente, não tenha maturidade e estrutura emocional para assumir um namoro.

Ou pode acontecer de o amor não ser suficiente, que as diferenças e a inflexibilidade sufoquem o afeto. Pode acontecer que, apesar de ter conhecido uma pessoa maravilhosa, você tenha que resolver algumas coisas importantes dentro de si primeiro. Pode acontecer de não ser recíproco por uma das partes: algumas vezes você se apaixona por alguém que não nutre o mesmo tipo de atração, ou que alguém se apaixone por ti, mas você só enxergue a pessoa com um bom amigo.

Outras vezes acontece de você confundir admiração com amor, e depois de um tempo acaba percebendo que não tem um sentimento firme e forte da paixão. Há os casos de confundir o amor com a carência, aquela necessidade de se sentir amado, que talvez lhe faltou dos pais ou amigos.

São infinitas as possibilidades para as peças não se encaixarem, para o jogo dar errado. Apesar dele parecer impossível de dar certo quando pensamos racionalmente, a verdade é que o jogo foi planejado para ser completado com sucesso.

Quando tento calcular a probabilidade de duas pessoa se encontrarem no mundo em algum momento de suas vidas, estando prontos e maduros para entrar num relacionamento, com gostos, princípios e propósitos que batem; com ambos se apaixonando e ultrapassando a fase da paixão para construir um amor forte e genuíno, concluo que essa chance é bem pequena. A verdade é que aquela conexão incrível entre duas mentes e corações é bastante rara de acontecer. Mas, repito: o jogo foi planejado para ser completado com sucesso.

Talvez você tenha que passar por várias tentativas até encontrar a maneira correta de colocar todas as peças para que então o quebra-cabeça seja montado. Enquanto você está tentando jogar, dando seu melhor e se esforçando, pode parecer que seja improvável e que nunca conseguirá completar o jogo, que você nunca encontrará o amor da sua vida. Mas não desista, esse é um desafio no qual vale a pena entrar. Deus tem um propósito para tudo, Ele tem o tempo certo e sua vontade para nós é boa, perfeita e agradável.

Em alguns momentos o jogo será assim mesmo: incompleto, cheio de erros, tropeços e dificuldades. Afinal, a Bíblia diz que a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. Começa brilhando aos poucos, devagar, pode demorar, mas está se formando aos poucos. Até que chega o momento de ser dia perfeito, a luz plena de um lindo e escaldante sol de meio dia. Então, tranquilize seu coração. O amor é um jogo de quebra-cabeça e você terá que ter paciência para montá-lo.

  • Cássia de Oliveira, Jornalista pela UFRGS e repórter da AD Guaíba. Atua na área de comunicação cristã e como colunista. Noticiando boas novas.

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