Por Daniel Theodoro

Uma recente pesquisa realizada pelo instituto LifeWay Research nos Estados Unidos, e divulgada pela revista Christianity Today, mostra por que e quando jovens evangélicos deixam a igreja. A conclusão do estudo, no qual foram entrevistados mais de 2000 jovens em 2017, foi de que menos jovens estão deixando a igreja antes de entrar na faculdade (34%), mas aqueles que o fazem têm razões mais sérias do que tinham há uma década atrás.

Entre os jovens de 23 a 30 anos, 66% disseram que deixaram de frequentar a igreja evangélica regularmente por pelo menos 1 ano após completarem 18 anos. Em 2007, o número era de 70%. A evasão acontece no período em que os jovens entram na faculdade, mudam de casa para iniciar os estudos da graduação ou conseguem o primeiro emprego.

Outros motivos para o afastamento são a percepção de que membros da igreja são hipócritas (32%), e a falta de união com pessoas da igreja (29%).

Visões políticas distintas entre jovens evangélicos e a congregação estão crescendo. 25% dos jovens dissidentes disseram que divergências sobre a posição da igreja em questões políticas e sociais contribuíram para o abandono, comparado com 15% em 2007. Nesse sentido, segundo a publicação, alguns jovens evangélicos estão saindo da igreja para encontrar um espaço que compartilhe suas crenças políticas e espirituais. Depois do ensino médio, muitos encontram essa comunidade no campus.

Outros argumentos apresentados pelos dissidentes dizem respeito à dinâmica da igreja. Em 2007, um pouco mais da metade (55%) apontou motivos relacionados à igreja e ao pastor como importantes em sua decisão – principalmente suas impressões sobre seu lugar na congregação. Em 2017, 73% indicaram essas queixas.

A LifeWay relata ainda que a frequência à igreja atinge o auge aos 15 anos. Aos 18 e aos 19, apenas 4 em 10 frequentadores regulares ainda congregavam.

A boa notícia é que mais de 66% dos jovens acabam retornando à igreja evangélica anos depois. De todos os jovens que costumavam frequentar igrejas protestantes, mas que saíram temporariamente ou para sempre, apenas 7% dizem que são atualmente ateus (3%) ou agnósticos (4%).

Embora a pesquisa tenha sido realizada nos Estados Unidos, os dados podem ter grande valor para pastores e líderes brasileiros envolvidos em ministérios de jovens. No Brasil, o número de matrículas no ensino superior continua crescendo (5% ao ano, segundo o Censo da Educação Brasileira de 2016), indicando que mais jovens estão indo para a faculdade. Portanto, a igreja evangélica brasileira precisa estar presente na vida de seus jovens no processo de transição do ensino médio para o ensino superior.

De igual modo, a igreja evangélica brasileira deve ser agente da graça de Deus na sociedade, servindo de inspiração aos jovens, atraindo-os ao invés de silenciá-los. Embora seja falha e formada por pecadores, a igreja deve se opor à hipocrisia sempre tão perceptível, relembrando os jovens de que eles são fortes, e de que a Palavra de Deus permanece neles.

  • Daniel Theodoro, 33 anos. Cristão em reforma, casado com a Fernanda. Formado em Jornalismo e Letras.
  1. Pesquisa mais do que necessária! Tenho certeza de que os números também seriam alarmantes aqui no Brasil, principalmente após as eleições do ano passado.
    Conheço muitos amigos que passam por esse drama de ser cristão, mas não aguentar a igreja, principalmente com a onda de conservadorismo — e aversão ao conhecimento científico — que tem tomado nosso país. :/

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