Por Camila NogueiraPainel

Há mais povos inalcançados do que podemos imaginar. Como uma conferência que privilegia a vocação missionária, o Vocare2016 apresentou o Painel Minorias na tarde dessa sexta-feira (22), uma “roda de conversa” na qual sete representantes de diversas missões e organizações que buscam alcançar e evangelizar minorias, segmentos menos evangelizados no país, chamaram a atenção do público para as necessidades e dificuldades de cada delas. O evento foi realizado em um dos auditórios da Unicesumar, em Maringá (PR).

Os segmentos menos evangelizados no Brasil hoje são Indígenas, Sertanejos, Ciganos, Quilombolas, Imigrantes e/ou Refugiados, Ribeirinhos e Surdos, classificados por ordem sociocultural, além dos mais ricos entre os ricos e os mais pobres entre os pobres, identificados por ordem socioeconômica.

O painel teve início com a apresentação de um vídeo explicativo sobre cada grupo, com as principais características e dificuldades de cada um. Os representantes de cada segmento partiram então para uma apresentação rápida, contando sobre suas experiências pessoais, missões e histórias.

Experiências e reflexões

Sandra Gomes, representou a Missão Amigos dos Ciganos (MACI), fundada em 2002 em Curitiba (PR), com a intenção de alcançar e dar suporte cristão à população cigana no Brasil. Ela relatou o quanto foi difícil conseguir abertura dos ciganos, e oportunidade para pregar a palavra de Deus. Mas ressaltou o quanto se sente feliz ao ver a Igreja Cigana Portuguesa hoje, que leva os ciganos a evangelizar seu próprio povo.

Bettima Siemens falou sobre o segmento dos Sertanejos, contando mais sobre a sua experiência como missionária da Juvep. Ela se emocionou ao relembrar histórias de pessoas que visitou no Sertão, que afirmavam não saber quem é Jesus. “Às vezes eles até sabem mais ou menos, mas não entendem que diferença que Jesus faz para a vida deles, o que muda se conhecerem Jesus”, relatou.

Em seguida, foi a vez de Rodrigo Tinoco apresentar um pouco mais sobre as dificuldades em evangelizar as comunidades Quilombolas no Brasil. O representante da Missão Conectar compartilhou sua história e a maneira como foi atraído pela tecnologia desde a faculdade, e como isso o levou a evangelizar um dos segmentos menos alcançados.

O missionário da MAIS (Missão em Apoio à Igreja Sofredora), Alisson, contou sobre a sua experiência com Imigrantes e Refugiados. Ele reforçou a ideia principal da Missão, que é conectar a igreja sofredora à igreja local e também falou sobre a importância de conhecer bem os imigrantes, se colocar no lugar deles, entender as diferenças culturais e respeitá-los.

Saulo Xavier compartilhou um pouco sobre sua experiência como intérprete de Libras, a linguagem brasileira de sinais, e a evangelização de surdos. Ele contou sobre como foi atraído para essa missão, após aprender Libras e realizar um treinamento com a Jocum (Jovens com uma Missão). “Temos que entender que deficiente também é gente. A língua é o de menos. O amor de Deus e a sua palavra é que devem importar, e por isso os surdos precisam ser cada vez mais alcançados”, afirmou.

Gilson Silva e Henrique Terena, representaram o segmento dos indígenas e relataram histórias emocionantes e desafiadoras sobre o evangelismo em tribos. Representando a Meib (Missão Evangélica aos Índios do Brasil) Gilson contou sobre as dificuldades com línguas nativas e a permanência dos missionários nas tribos. Henrique, nativo da tribo Terena, pastor e membro do CONPLEI (Conselho de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas) alertou sobre a falta de atenção dos cristãos brasileiros, para as cerca de 115 etnias que precisam de Cristo.

Marcio Garcia finalizou as apresentações, relatando algumas experiências como missionário da MEAP (Missão Evangélica de Assistência aos Pescadores) buscando alcançar as comunidades Ribeirinhas. Ele relatou que hoje, ainda existem cerca de 10 mil comunidades não alcançadas no Brasil, e finalizou com palavras fortes: “Não falta dinheiro. Não falta gente. O que falta é obediência a Deus”.

Perguntas e finalização

Após as apresentações, foram selecionadas algumas perguntas da plateia, que, com as respostas dos convidados, acabaram por revelar alguns fatores comuns aos sete segmentos, e à missão de uma maneira geral, como a necessidade de uma sensibilidade cultural muito grande e de uma contextualização, para que se receba quem precisa ser acolhido e que se adapte às situações que pedem por isso, sempre com o objetivo de atingir cada vez mais pessoas com o amor e o evangelho de Deus.

 

• Camila Nogueira é estudante de Jornalismo e integra a equipe de comunicação da Ultimato no Vocare 2016.

 

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