Nilla Cheng – A Ninja é uma jovem oriental que mora no Brasil, mas não sabe sua origem.

Nilla Cheng é uma jovem oriental que mora no Brasil, mas não sabe sua origem

 

Por Amanda Almeida

 

Os quadrinhos entraram bem cedo na vida de Michelle Ramos. Na adolescência ela se voltou mais para a literatura, mas logo retomou o prazer de infância, com a leitura de HQs. Michelle sempre tinha ideias na cabeça, histórias que queria escrever, mas não as colocava no papel por não saber em que formato específico contá-las. Hoje, aos 36 anos, é autora de personagens como “O Brasileiro” e “Nilla Cheng – A Ninja”, em quadrinhos.

Michelle_Ramos

Michelle Ramos

Antes de publicar seus próprios personagens, Michelle começou seu trabalho com HQs divulgando a produção nacional, no blog Zine Brasil. Através dessa iniciativa, ela teve contato com o universo dos quadrinhos independentes. Para Michelle, as maiores diferenças entre a produção e a publicação nacional e internacional de HQs são a distribuição e o marketing, porque em termos de qualidade, “o quadrinho brasileiro tem o mesmo nível que qualquer produto estrangeiro, em termos de roteiro, mutas vezes é até melhor, mas o autor não tem o mesmo alcance para seu lançamento que o estrangeiro tem”, relata.

Com contrato em vários países, as produções internacionais, especialmente as norte-americanas como Marvel, DC e Vertigo, são conhecidas em escala mundial, sendo já popularizadas. Seus personagens acabam virando tema de diversos produtos diferentes, como animações, games e filmes live-action. Por aqui, “algumas editoras ainda não têm coragem de apostar num material que precisa de um trabalho maciço de divulgação”, diz Michelle. Com isso e outros fatores, “ainda não termos uma luta igual, mas a internet tem ajudado a quebrar essas barreiras, já que antes a produção nacional de HQ precisava estar atrelada a algum nome importante para ganhar status e ser vendida, e hoje muitos autores quebram essa barreira com seu trabalho artístico, ganhando destaque”.

Nesse cenário, uma tentação na qual os artistas não podem cair é colocar a rapidez na entrega do conteúdo acima da qualidade do que é produzido. Unir e equilibrar esses dois pontos é a melho opção. Michelle sempre se preocupa em aperfeiçoar suas técnicas e aprimorar seu estilo na hora de escrever e desenhar suas histórias. “Quando eu mesma me preocupo com o tempo que estou levando numa produção pessoal, gosto muito de lembrar da frase de Samuel Johnson: ‘O que é escrito sem esforço geralmente é lido sem prazer’. Obviamente não é uma regra, mas serve muito pra mim”.

Michelle também divulga em seu blog a arte de outros brasileiros, como esta de Jefferson Costa

Michelle também divulga em seu blog a arte de outros brasileiros, como esta de Jefferson Costa

Quanto às histórias com cunho cristão, Michelle diz que existem boas publicações no mercado, que muitas vezes não são conhecidas pelo grande público. “Por esses dias recebi a graphic novel ‘Eclesiástico’, ‘O Peregrino em Quadrinhos’, a adaptação da websérie ‘Eu vou te esperar’ em HQ, e tenho gostado muito. E sempre temos os autores independentes como a Lya e o André Alves. Todos são materiais que de alguma forma estão no gênero ficção cristã e mostram que existe público para os quadrinhos com essa temática no Brasil, especialmente se unirem heroísmo, diversão e aventura no mesmo pacote”, diz.

“Recentemente li a revista ‘Ecos do Eden’, material estrangeiro, e fiquei muito feliz com a história. Ela traz a mensagem do evangelho sem ‘esfregar um evangelismo na cara’. Quadrinhos são uma literatura voltada para o entretenimento, para se divertir, aprender, se emocionar enquanto lê. Quando fica evidente que aquilo só visa evangelizar, o público que você deseja não compra a história. Autores e editores de HQs cristãs precisam lembrar que a forma pela qual você mostra a narrativa ao leito é só a ponta do iceberg. A parte mais profunda da mensagem estará ali e o leitor vai recebê-la sem que seja necessário escrever ‘aceite Jesus’”, exemplifica.

Como autora, Michelle diz que sua fé a direciona a deixar trabalhos e mensagens positivas pelo caminho, indicando o que quer ou não em sua escrita. Envolvida com HQs desde 1997, ela já teve projetos de sua autoria publicados, e com várias outras histórias em produção, em diferentes formatos, deseja lançar cada uma delas, seja por editoras ou de forma independente. O segredo é não desistir. Como ela mesma costuma dizer, “é ter fé em Deus e suor na cara, que a resposta que precisamos chega no tempo certo”.

Links:

https://michelleramos.wordpress.com/  

https://www.youtube.com/michelleramoshq

https://zinebrasil.wordpress.com/

 

• Amanda Almeida tem 23 anos e é formada em Comunicação Social pela UFMG. Sua monografia tratou de jornalismo cultural, arte e cristianismo. Amanda escreve para o blog Ultimato Jovem sobre cinema.

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