Por Jeferson Rodolfo Cristianini

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Nos últimos dias e semanas um dos assuntos mais falados é sobre o jogo “Pokémon GO”. Mesmo quem não joga ou não liga para isso, ouviu ou viu algo relacionando a isso. Se você não ficou nas últimas semanas em uma ilha deserta você sabe da febre que se tornou o Pokémon GO.

Até mesmo nas ilhas os jogadores procuram um Pikachu.

É um jogo da Nintendo em parceria com a Niantic, que atualmente desbancou todos os demais jogos, e se tornou o mais popular game para plataformas móveis, celulares e tablets. É o primeiro jogo da história a alcançar mais de dez milhões de downloads em apenas uma semana, e assim gerando cifras milionárias aos criadores. Pokémon significa “monstro de bolso”, uma criatura fictícia que tem se tornado viciante e aprisionadora para muitos. O problema não está no nome ou no jogo e sim em quem joga e da forma que joga. É fácil para os legalistas rechaçarem e dizerem que é do demônio e proibir ao invés de investir na espiritualidade dos jovens ao passo que eles entendam e discirnam as reais prioridades.

Nas últimas semanas emergiram nos noticiários vários acidentes de trânsito por conta desse jogo, onde pessoas dirigindo ficam procurando os Pokémons, pessoas distraídas com o jogo que atravessam a rua. Foi veiculado na mídia o caso de um menino que morreu afogado ao entrar em um lago para caçar Pokémons. Os alunos agora não estão prestando atenção às aulas, pois ficam procurando Pokémons enquanto o professor leciona. Alguns alunos, para burlar o professor que confisca os celulares, pedem para ir ao banheiro e são surpreendidos nos banheiros e pátios das escolas. Os Pokémons estão “escondidos” em todos os lugares e aqueles que baixaram o aplicativo do jogo em seus smartphones ficam procurando-os. É comum vermos vários adolescentes e jovens com seus aparelhos nas mãos procurando os Pokémons e/ou comentando onde os Pokémons estão escondidos.  Pessoas têm perdidos seus empregos, em plena época de crise, pois viciados, jogam em horário de trabalho. Mais uma vez: o problema não é o jogo e sim quem joga e como faz do jogo a prioridade. Os que jogam dizem que o Pokémon GO é altamente viciante.

Sabe-se que os Pokemóns estão escondidos inclusive em igrejas e em cemitérios, e em tantos outros lugares. Como sabemos os cemitérios à noite são locais escuros e vulneráveis. O vazio interior do ser humano é tão grande que ele sempre buscou sanar esse vazio com diversas coisas, e no nosso contexto individualista e hedonista, características da pós-modernidade, esse vazio está se alargando. Esses jogos se encaixam bem na proposta moderna de preencher o vazio do ser humano, pois têm uma proposta de entretenimento. É bom se distrair e se divertir com jogos, mas é ruim sermos fisgados e ficarmos aprisionados ao vício do jogo.

Numa sociedade estranha como a nossa a proposta de entretenimento é fantástica, pois ela nos sequestra para uma realidade, mesmo que seja virtual, e nos leva ao divertimento e distração. O jogo nos leva para a virtualidade que nos distancia de tudo que nos aflige nesse momento, e assim como um entorpecente, fugimos para aquilo que dá prazer por alguns instantes, mesmo que isso seja momentâneo e passageiro. O esquema é se desligar de tudo e curtir o jogo. Demonizar o jogo é coisa para legalista que gosta de proibir por proibir. Vivemos no mundo que jaz no maligno e que está contaminado pelo pecado e nossa luta contra o pecado é com uma vida piedosa de leitura bíblica e devoção por meio da oração. Cheios do Espírito Santo, mostraremos aos nossos filhos, adolescentes, ovelhas, amigos e parentes “há tempo para tudo”, e que “o que contamina o homem é o que sai, pois sai do coração”, como Jesus já nos ensinou.

O Pokémon GO é apenas um jogo. Um jogo que suga as pessoas comuns que estão viciadas com a proposta virtual para o mundo virtual. O grande problema é que não somos virtuais e que o “mundo virtual” não existe, mas nós interagimos mais com o mundo virtual do que com o real. O jogo faz com que a pessoa pense que o mundo virtual é o seu mundo real. E isso provoca uma falsa realidade para a vida das pessoas, pois o mundo virtual é belo, fantasioso e recheado de entretenimento. Já vida real é marcada pela força, coragem, dor, suor, luta, sofrimento e por aí a fora. A virtualidade nos desumaniza e nos robotiza, fazendo com que nossas atitudes sejam determinadas pelo jogo e vício. O problema é que essas propostas de fugir da realidade para a vida virtual se torne uma fuga momentânea de um jogo e acabe se tornando um estilo de vida. Uma vida marcada pelo vício e que se refugia em caçar Pokémons. A realidade é a vida cotidiana.

Alguns caçam Pokémons, outras caçam motivos para demonizar os que caçam Pokémons e outros caçam estratégias para ensinar os filhos, adolescentes e rebanho a não cair nas armadilhas das propostas dessa fuga para a “vida virtual”. Creio que deveríamos aproveitar esse contexto como oportunidade para ensinar as próximas gerações amarem a Deus acima de tudo, assim eles terão como conviver e combater as propostas mundanas. Aproveitar a oportunidade para solidificarmos mais nossos ensinos e mostrarmos como as propostas dessa “vida virtual” é enganosa, falsa e alienadora. Se mesmo assim você quiser jogar Pokémon GO, jogue com moderação. Mas, não se esqueça de priorizar o Reino de Deus e de ensinar que o Reino de Deus está acima de todas as nossas prioridades.

• Jeferson Rodolfo Cristianini é pastor da PIB Bauru.

  1. Irmão tú vai queimar no fogo do charmander hein kkkkkk
    Brincadeira a parte, excelente texto! O problema está em viver o evangelho e “falar” do evangelho; falar todo fariseu falava! Viver só os discipulos vivem.
    Obrigado pelo texto!

  2. Esses dias recebo um vídeo de uma pastora conhecida fala do sobre Pokemon Go e sua ligação com o Diabo. Eu e meu esposo moramos no Japão e claro que é uma febre por aqui. Eu não vejo nada demais no jogo, e como foi dito, depende da pessoa que joga. Muitas igreja tem até usado de estratégia de evangelismo, já que alguns pontos de pokestops são igrejas.
    Mas enfim, eu na verdade acho que esse jogo mostra uma coisa que é difícil lidar dentro da igreja que é o conflito de gerações. Não só entre membros, mas dentro inclusive de ministérios. Saber lidar com isso acho importante, mas às vezes acaba até em briga.

  3. Deixando as opiniões humanas, fico com a bíblia, que nos orienta fugir da aparência do mal. Imagina do próprio mal, que poderá me deixar longe de Deus. A pessoa que começa em algo que pode leva-la ao vício, pensa que pode parar quando quiser, que tem domínio sobre tal.
    Se assim for, podemos beber, fumar com moderação, cuidado para não viciar.
    Colocar a mão na boca da serpente para ver se ela pica? Fugir da aparência do mal é corre, ficar longe. Tudo que indica uma possibilidade de nos afastar de Deus, devemos fugir.

  4. Muito boa a reflexão, clara e objetiva. A aplicação disso vale para o jogo e para tudo que nos afasta da vida real e nos faz “fugir” para a virtualidade. Parabéns pelo texto!

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