Ult_Jovem_30_11_15_AnnaMoly

Por Vinnicius Almeida

Curto muito Incubus! Já disse e reafirmo ser uma das minhas bandas favoritas, daquelas que explodiram no boom do século 21, quando o mundo ainda não acabou…

Apesar da crise (que crise? Diriam alguns), a ideia não é falar sobre música. Na verdade e em verdade, buscava inspiração para escrever um texto sobre os 498 anos de Reforma Protestante.

Num ritmo intenso de leituras, provas e trabalhos teológicos, pensei em algo mais leve. Sem teologia nem filosofia (como se isso fosse possível). Até que iniciei a playlist e comecei a viajar no trecho da música Anna Molly:

Uma nuvem encobre e silencia minha felicidade
Mil navios não poderiam me tirar da angústia
Queria que você estivesse aqui, eu sou um satélite ferido
Preciso que você me faça sentir bem agora.

É quase um Salmo 143. Embora isso dependa muito de quem lê e como vê a cultura…

No clip, a querida Anna Molly está aparente morta. Lamentos e tormentos são apreendidos na poesia, que chama por seu nome desesperadamente. A moça chega a ser comparada com a companhia capaz de ser a fonte contra a solidão. Sua ausência é como uma nuvem que encobre a felicidade.

Anna Molly, annomally…

“Anna Molly, Anomalia! Eu estou chamando seu nome no ar! Nenhum dos outros nomes, pode jamais comparar…”

E essa parte é incrível (assista o vídeo):

Anna Molly é a anomalia! De uma forma sobrenatural, a jovem está viva!

Espere, há uma luz, há um incêndio
Desfragmentando o sótão (Anomalia!)
Fatalidade, ou algo melhor,
eu não poderia me preocupar menos.
Apenas fique comigo um momento.

Claro! Anna Molly é a Igreja de nosso tempo! Isso! Apenas se feita uma escuta ativa Teo-referente. Herança pura e simples do ethos da Reforma Protestante. Os reformadores dedicaram um esforço total para resgatar o real significado de ser cristão à luz das Escrituras, gerando assim, impactos na vida individual, comunitária e societária.

Tudo bem diferente de Parecer.

Há quem ouça música “evangélica”
Vote na bancada “evangélica”
Consuma “moda evangélica”
Desconheça o Evangelho!

É por essas e tantas outras que não abro mão do termo Evangélico.

“Evangélicos são autênticos católicos!” – Diria Dom Robinson Cavalcanti.

Carecemos de um resgate semântico e hermenêutico para o retorno de uma espiritualidade autêntica que possibilite ser (ontologia) e viver (práxis) integralmente de modo evangelical, apre(e)ndendo com as histórias passadas, confiando no futuro casamento que a Deus pertence.

A Igreja é a noiva! Anna Molly não está morta! Por mais aparente que isso seja…

Mas, os reformadores amaram a Igreja de Cristo!

A Igreja é projetada diretamente do coração trinitário: Pai, Filho e Espírito Santo estão à sua espera e ao mesmo tempo, trabalham por ela…

Na morte e ressurreição do Cristo, a noiva surge pra cantar sua salvação, santificar, curar, denunciar, expulsar e transformar tudo aquilo que não tem procedência divina. Nela, está o perfume da alegria e esperança, tem o sabor da presença do Reino de Deus que começa aqui e agora.

A noiva recebe o sopro do Espírito Santo e é escolhida para alcançar, abençoar, beijar e abraçar o mundo sem rima e sem rumo… Mesmo havendo uma série de problemas humanos na instituição, o conceito do corpus mixtum, de Agostinho, ou ainda, na linguagem bíblica de Jesus, sobre o trigo e o joio, já sabíamos que nela haveria “falsos profetas” e um “falso evangelho”.

Contudo, os reformadores são aqueles que fizeram lembrar a vida e a beleza da Igreja! Quando tudo parecia estar perdido, inundado na corrupção, no legalismo e na manipulação religiosa, beirando sinais de morte… “Anna Molly, annomally”

“Anna Molly, annomally” – Nosso foco é viver crendo e exercendo fé, com a Graça, em Cristo, pela cruz, praticando a Bíblia, na Missão diária… Até que cheguem as bodas!

“ecclesia semper reformanda et semper reformanda est”.

Amo a Igreja!
2015, Reforma Protestante, 31 de outubro.

Soli Deo Gloria.

Texto publicado originalmente no blog Caminhada Figurada.

• Vinnícius Almeida, é assistente social, estuda Religião e Cultura pelo UNIFAI e Teologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Segue Jesus, o Cristo, caminha na fé e anda de skate. Publica no Blog Caminhada Figurada.

  1. Rubens Rodrigues da Silva

    Caro Vinícius, ainda bem que você não é o “de Morais”!
    O vosso “vernaculorum” me faz lembrar a necessidade que tanto os reformadores tanto lembravam: “semper reformata”. A Igreja precisa urgentemente de uma “nova reforma”. Muito edificante; na verdade, A “Igreja” continua sendo “uma noiva sobrenatural”.
    Vosso conservo,
    Rubens Rodrigues da Silva,Rev.

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