Ult_jovem_18_09_15_SementeSemente é a gente quando ainda não é a gente. É só um projeto, um bico, um tino, um ponto.

É a gente sabendo que é mas que ainda não veio. A gente esperando, pulsando, dormindo. É a gente querendo mas não podendo, porque tem terra e luz e tempo por sobre a cabeça, porque esperar é sempre preciso.

Ser semente é tempo esperado, e é bom e calmo e quieto. Mas dói, dói porque é aqui mas já é lá, vivendo. É um querendo sair-se.

E é precisamente em semente que tudo aponta, ajunta, abarca. É sonho que virá à tona; é a gente mesmo que vira à luz, ao eco, e ao mundo visível dos outros.

Semente se sabe semente, mas ninguém mais sabe o que vem:

semente é segredo.

E de repente, um salto.

Rebenta flor, rompe terra e rompe escuro, estala, pipoca, brota. Sai da espera, agora é a gente no palco, é a voz soando fundo, é gente que ouve e aplaude, porque vê quem vem lá. Era a sementinha, era a quietude e calmaria, que morre agora.

Não termina, não. Só morre.

Pulsando na planta o viço, tudo ainda vive, remoçando. Sã e boa, eis a planta e a fruta. O som, indo longe! A voz, indo longe! O salto, a coragem, adeus ao escuro e à espera!

Frutifica um sorriso. Semente há de ser sempre, compromissada com essa voz em flor que só canta e há de cantar incessantemente: renasça, moça, renasça.

• Esther Alves, 20 e tanto anos, musicista, chorona, gosta de cachorros e de pizza de abobrinha. Visite seu blog pessoal.

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