Foto: Free Images

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No corre corre frenético da cidade, pulsa em mim a inquietação que me mantém acordado na alta madrugada. Tenho que enfrentar a realidade dura e fragmentada de mim mesmo.

Observo pessoas, como que divididas em compartimentos, gritando por uma inteireza de si mesmo, cada vez mais distante.

Vejo pedaços. Estou em pedaços. Chocado com as atrocidades que regem e ditam os rumos de todos nós.

Onde eu estou? Onde você está? Olho no espelho buscando me enxergar por inteiro e não me esconder da culpa que está em minhas mãos.

Sim! Culpa disfarçada e velada, afinal essa conta não é minha, nem pertenço a esse mundo caótico. Sou apenas um cidadão passageiro e estrangeiro.

E passageiro não se envolve, apenas assisti e tenta sair bem na foto. Foto colorida que tenta esconder o real preto no branco.

Somos vítimas de nós mesmos pagando um preço caro pela falta de cuidado, pela deterioração dos níveis de relacionamento com Deus, com o outro e com a criação.

Até quando vou me deixar ser engolido por mim mesmo? Até quando serei meu maior inimigo?

Perdemos a linha, não enxergamos a oportunidade de regeneração, negligenciamos tudo a nossa volta e insistimos em olhar para nosso próprio umbigo. E, como cada um tem o seu, está tudo certo. Mas como afirmar que está tudo certo ou tudo errado se cada um enxerga apenas pela sua própria ótica?

Fariseu, cego, hipócrita. Opa! Eu? Eu não. O outro, quem sabe. E sim, aquele ali com certeza.

Queria estar de volta ao lar. Porém, não querer viver meus dias aqui, não seria apenas a afirmação de não ter entendido que, por mais louco e sem explicação que seja, há um sentido por detrás de tudo?

Este é o grande desafio. Ao me reconhecer, passo a enxergar o outro como um igual. Alguém que está em constante construção, como eu, que por vezes (e por que não dizer na maioria das vezes?) está perambulando perdido pelas ruas, vielas e avenidas da vida.

É a hora de se permitir o resgate. O meu, o seu, o nosso. E pegar o novo caminho, desafiador, escuro, por vezes incerto, mas sem volta pelo simples e concreto fato de ter seu fim no começo de tudo.

• Jeverton “Magrão” Ledo é missionário e pastor de jovens.

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