UltJovem_04_03_15_Pintura

A cidade me parece tão despreocupada com o vai e vem de um corre-corre desenfreado e seus pequenos lampejos de raios de sol que tentam abrir espaço entre as nuvens densas.

Estou como um observador sentado em uma das poltronas do ônibus que faz o traslado até o aeroporto. Ninguém está na poltrona ao meu lado; tenho pessoas ao meu redor, porém tudo inspira solidão. A companhia é a música que desperta meus sentidos e tenta dar um pouco de significado ao caminho que me levará a mais um destino.

Um olhar atento e percebo que os “companheiros” são os celulares, enquanto as pessoas estão lado a lado, cheias de suas próprias histórias, possibilidades de uma boa conversa. Nesse momento, em mim brota um desejo de dizer “chega! onde todos nós escondemos nossa humanidade?”. Seremos escravos de um sistema programado para isolar, fazer produzir e perder a sensibilidade?

Finalmente chego ao aeroporto e minha surpresa é apenas um aumento incontável de dispositivos móveis, corredores e seus engravatados, famílias, atletas (será que rola um artista?).

Sim, escuto algumas poucas conversas; todas elas carregadas de uma agenda apertada, de um atraso no voo, desinformações, troca de portão… e a vida segue.

Segue para aonde? Para cada vez mais longe do outro, para a falsa ilusão de que minha vida está caminhando e ter tempo com o outro é, na verdade, perder tempo?

Pressa, pressa mais depressa, e assim vamos nos permitindo ser envolvidos e muitas vezes engolidos pela máquina opressora e fadada ao fracasso com cara de sucesso; afinal de contas, o mundo não pode parar.

Parar, isso sim seria interessante. E se tudo parasse numa pane geral e eu e você nos víssemos cercados apenas pelo outro? Será que faltariam palavras, não saberíamos lidar com a situação do olho no olho, do ter que se desconectar do mundo virtual e viver a vida real?

Seria exagero de minha parte ou a constatação é que, na realidade, caminhamos para trás como humanidade e as relações estão se tornando frias, instáveis e passageiras?

Diante desse quadro cheio de borrões, convoco os conscientes a não permitirem que esse seja o resumo da ópera de nossos dias.

Jeverton “Magrão” Ledo é missionário e pastor de jovens.

  1. Eu aprofundaria tratando isso como pecado, vício, seguir a tendência de nossa carne. Não basta nos incomodarmos com o fato, é realmente incomodo , principalmente para quem gosta tanto de conversar “in natura”. Mas se é fato que lidamos mal com a tecnologia, precisamos quebrar esse paradigma, e mais ainda precisamos dizer até aqui é útil, é bom, é vantagem. Mas daqui para lá é pecado! É vício! Tira meu tempo de conversa não só com o outro, mas também com Deus. Chamar de pecado é mais efetivo no sentido cristão (Eu to escrevendo um texto sobre Aprender a chamar pecado de pecado, meus neurônios estão funcionando nesse ritmo aqui kk) veio em boa hora por ampliar a minha reflexão para os vícios modernos e porque a Raphaely tava falando comigo sobre isso ontem hehehe Grande abraço!

  2. Deus o abençoe Jeverton. Que o Senhor continue te dando sabedoria vinda dos altos céus para alertar nao só aos jovens mas a toda humanidade que se esconde atras de uma tecnologia que os torna alienados. Onde esta nosso proximo, que devemos amar e cuidar??? Nao esta atras de uma tela mas bem ao nosso lado clamando por ajuda, clamando por Jesus!!!

  3. Muito bom, Magrão.

    É preciso travar uma luta diária com essa pressa que nos engole e consome tudo que há em volta!

    Obrigado pelo lembrete e um grande abraço pra você.

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