UltJovem_23_04_14_OlhoPor Mateus Octávio

Muitos de nós que já se arriscaram nos campos do conhecimento sobre Deus, já se questionou um punhado de controvérsias. Tudo isso fruto das diversas correntes de pensamentos que tivemos acesso. Afinal Deus já foi para muitos um cavalheiro que bate à porta do coração esperando que a pessoa abra-se para Ele, e acabou se tornando um Deus que não pode ser resistido e já tem “os seus” escolhidos.

O que há por trás de tudo isso e que não admitimos, quando pensamos na “imperfeição de Deus”, em sua “inconstância” – afinal Deus diz que não se arrepende, mas depois se arrepende – é que olhamos para ele com nossa imperfeição. São os nossos olhos e não Ele. É miopia nossa, e não sujeira que há nele. Deus é perfeito e nós imperfeitos. Nós o conhecemos em nossa ótica.

Talvez por isso a Bíblia nos estimule a conhecê-lo e “prosseguir” em conhecê-lo. O conhecimento de Deus não acaba, pois Ele não é finito. E nós em nossa imperfeição, em carne, não conseguimos ainda entendê-lo por completo. Mas ele nos entende bem. Um professor no seminário dizia que Deus nos aceita até mesmo com os nossos questionamentos (inclusive, sobre Ele).

Não podemos parar de buscá-lo progressivamente, sem partido teológico. Deus não é conservador ou calvinista, tampouco liberal. Deus É. Por isso devemos sempre ler, especular e reter o que é bom. Um trecho do livro “O Evangelho Maltrapilho”, de Brennan Manning, ilustra bem o quero dizer:

Conta a história que uma jovem e dinâmica mulher de negócios mostrava sinais de fadiga e estresse. O médico receitou tranquilizantes e pediu que ela voltasse para uma consulta duas semanas depois. Quando ela voltou, ele perguntou se ela sentia-se diferente.

— Não. Mas tenho observado que as outras pessoas parecem estar bem mais relaxadas.

Normalmente vemos os outros não como são, mas como nós somos.

Podemos transferir a história para a maneira como vemos Deus. Não vemos a Deus como ele é, mas como nós somos. Por isso orar, por isso meditar na Escritura, por isso o Espírito em nós que nos ensina e convence-nos dia a dia do nosso pecado. É um processo também complexo. Deus já nos deu tudo em Jesus, mas o melhor ainda virá. O que sabemos bem e com toda certeza é que sabemos pouco ou quase nada sobre esse Eterno-Deus. Essa é a verdade que nos norteia e persegue, por isso “conheçamos e prossigamos em conhecer a Deus” (Os 6.3).

Para quem se pergunta como e onde procurá-lo, as respostas virão. Não de mim, mas Dele que se revela. Por isso falamos desse “Abba-Amigo-Mestre” com reverência, pois nem sempre o explicamos bem, mas podemos senti-lo: em oração, num sorriso, no rosto do próximo, na música, no verde. C. S. Lewis disse: “Nossas primeiras palavras, ao chegarmos ao céu, serão ‘Ahhh…’, com um ar de ‘Agora eu estou entendendo’”. Entenderemos sim, pois esperamos a promessa de que um dia o veremos como Ele é.

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Mateus Octávio Alcantara de Souza tem 21 anos, é Bacharel em Teologia e escreve no blog Meditações*.

  1. Quanto mais nos aproximamos de Deus (principalmente através da Palavra) nos aproximamos de nós mesmos e os nossos olhos recebem um “foco” melhorado para enxergá-lo vosso que, próximo Dele o Espírito nos é mais acessível pois nos estamos mais sensíveis. A partir daí podemos nos aproximar e Deus também por outros meios (o abraço acolhedor, a leitura inspiradora, a canção tocante, o servir ao próximo, a observação da criação etc) e entender melhor quem Ele é, o que Ele quer, como e de que formas Ele se revela, pois tudo o que podemos saber Dele (ainda que com os olhos embaçados pela nossa imperfeição) é o que Ele nos permite enxergar.

    Obrigado pelo texto. Deus continue o abençoando.

  2. “Normalmente vemos os outros não como são, mas como nós somos”. Aqui podemos pensar também que compreender a nossa limitação é a melhor forma de se relacionar com o próximo e com Deus. Mas como será bom o dia em que o veremos como Ele é.

    Ótima reflexão. Que Deus continue te abençoando.

  3. Foi um leitura inspiradora Mateus! Estou como missionário na Albania (leste Europeu) e vejo como as culturas em particular os albaneses, tem sua própria visão de quem é Deus, mesmo que errada. Porém, quando eles conhecem a Jesus, vemos essa visão mudar progressivamente através de suas ações diárias, isso é maravilhoso. Desejamos que os povos sejam curados de sua cegueira e que passem a enxergar mesmo que de uma forma ainda limitada a maravilhosa graça do Deus presente, o Emanuel. Um Grande abraço.

  4. Obrigado Thamiris, um abraço carinhoso, Deus te abençoe grandemente. Eduardo, que bom que podes experimentar na prática o que está no texto, essa é uma experiência inegociável. Que o senhor da seara esteja contigo nesta empreitada e que possas vê-Lo cada dia mais nitidamente através dos albaneses, e vice versa. Um grande abraço, irmão!

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