“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.”
Rm 14.17

Uma das maiores inquietações do cristão é saber definir o que pode e o que não se pode fazer. Estive participando recentemente de um programa de debates de uma TV nacional cujo tema era justamente esse: “O que um cristão pode ou não pode fazer”.

É incrível ver como existem distorções no meio evangélico. Em sua maioria, não sabemos diferenciar doutrina de usos e costumes e, por não sabermos disso, acabamos recebendo um peso tão grande, um jugo tão pesado que não conseguimos carregar.

Qualquer um que queira ser um ser pensante hoje em dia é tido como herege ou rebelde. A voz de alguns líderes se tornou a voz do próprio deus (com letra minúscula mesmo). Líderes que interferem no casamento, alimentação e lazer de “rebanhos” inteiros, aprisionando pessoas pela ameaça emocional, fazendo com que o povo obedeça não mais por amor ou por gratidão a Deus, mas por medo de um Deus vingativo que a qualquer momento pode castigar por ter ido à praia e não ter pedido permissão para isso.

Que Deus é esse? Com certeza não é o Deus revelado na minha Bíblia.

A melhor forma de vermos o que o Senhor Deus pensa é ler e ver o que Ele fez quando esteve encarnado nesta terra na pessoa do Filho: Jesus Cristo. Ele não fazia questão de debater os costumes de cada sinagoga, pelo contrário, achava isso perda de tempo. Seu alvo era o ser humano, o coração e a transformação da vida, tirando da escravidão das trevas para a liberdade da luz. Da mesma forma é quando Paulo nos diz que todas as coisas são licitas, mas nem todas as coisas nos convêm (1Co 10.23): ele estava definindo a grandeza de nossa liberdade e a vantagem de escolher não fazer.

Não deixo de pecar porque é errado; deixo de pecar porque amo a Deus e o Seu amor me constrange, me envolve e, por isso, quero agradá-Lo.

Uma pessoa não tem que ir a igreja por medo de perder a benção de Deus. Ela precisa ir para aprender a viver em comunhão, para exercitar os dons, para ser útil e adorar a Deus também (lembrando que o Templo é você e não a construção. A adoração pode ser feita a qualquer hora e em qualquer lugar e não necessariamente na instituição).

Quando você começa a enxergar que o Deus que se entregou por amor a você ainda é um Deus de amor, você toma uma nova direção na vida. Não é porque “vai não, pode não, seu pastor não deixa não”, mas sim porque o Verdadeiro Amor do Pastor Sublime te envolve e tudo o mais se torna “coisa” de segundo plano.

Somos seres pensantes, questionadores, criativos e sonhadores. Não deixe que ninguém lhe roube o direito a ser assim. Paulo uma vez pregou em uma cidade chamada Beréia e ressaltou uma característica louvável daquele povo: “Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim.” At 17.11. Os crentes de Beréia conferiam nas Escrituras se o que Paulo estava dizendo era verdade. Eles eram pensadores e o Apóstolo fez questão de frisar essa virtude.

A multiforme graça de Deus nos permite ter hoje em dia igrejas de todos os tipos e gostos, para agradar a todos os públicos. Esteja em uma que você se encaixe melhor, mas saiba que a Maior e Mais Pura de Todas as Revelações é a BÍBLIA. O que ela diz é verdade e nada pode contradizê-la!

Na paz D’Aquele que nos fez livres e pensantes,

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Felipe Heiderich é graduado em Teologia pela Faculdade Teológica Seminário Unido, escritor, conferencista e pregador. Um mineiro morando no Rio de Janeiro, tendo artigos e estudos publicados neste site.

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