Oi gente,

Esse texto é bem interessante. Mas diz aí… você concorda com o que o Luciano disse sobre a geração T?

Aguardamos os comentários.

Meu amigo Patrick é francês e vive no Brasil há anos. Tem uma visão crítica da forma de ser do brasileiro em comparação a outros povos, especialmente os europeus. E eu me divirto com ele. Recentemente, presente a um desses eventos badalados que tratam de redes sociais, ele me ligou para descrever o público. Jovens, muito jovens, com seus iPads e iPhones, tuitando furiosamente enquanto assistiam às palestras de dezenas de especialistas. Ao final da palestra, invariavelmente o apresentador dizia:

– Alguma pergunta?

Silêncio. Ninguém. Nada. E assim foi, de palestra em palestra. Ninguém nunca perguntava nada. O Patrick então disse que aquela era a geração T. Tê de testemunha: “Sou testemunha de tudo, mas não tenho opinião sobre nada.”

É isso mesmo que tenho visto por aí: a geração T dominando os espaços e dedicando-se à única coisa que consegue fazer: contar para os outros o que viu. Ou no máximo, repetir a opinião de terceiros, enquanto permanece incapaz de analisar, comparar, julgar e de emitir opiniões.

Mas sabe o mais louco? A “geração T”, diferente das outras gerações, parece não ter um período definido. Não é composta exclusivamente de gente que nasceu entre o ano x e o ano y… É claro que a quantidade de jovens é muito grande, mas ela generosamente engloba gente nascida desde 1950…

Em minha palestra “Quem não se comunica, se estrumbica” falo de um estudo que mostra que nos 40 mil anos que se passaram desde o momento em que o homem desceu das árvores até inventar a internet, a humanidade produziu 12 bilhões de gigabytes de informação, algo como 54 trilhões de livros com 200 páginas cada. Agora veja esta: somente no ano de 2002 produzimos os mesmos 12 bilhões de gigas! Geramos num ano o mesmo que em 40 mil anos… Em 2007 foram mais de 100 bilhões de gigas! E em 2012 serão alguns trilhões! Produzimos informação numa velocidade cada vez maior enquanto inventamos traquitanas que tornam cada vez mais fácil acessar essas informações. Mas de que adianta ter acesso às informações se não temos repertório para dar um sentido à realidade?

O resultado é a geração T, que sabe tudo que acontece, mas não tem ideia do por que acontece. Entrega-se à tecnologia de corpo e alma, como “vending machines”, aquelas máquinas automáticas de vender refrigerantes em lata, sabe? Distribuidores de conteúdo de terceiros, focados no processo de distribuição, mas sem qualquer compromisso com o conteúdo distribuído.

Nada a estranhar, afinal. Querer que as gerações que saem de nosso sistema educacional falido conheçam questões conceituais, paradoxos, tradições, estilos de comunicação, relações de causa e efeito, encadeamento lógico dos argumentos e significados para poder exercer o senso crítico é demais, não? É mais fácil e menos comprometedor simplesmente contar para os outros aquilo que ficamos sabendo.

A geração T não consegue praticar curiosidade intelectual, só a curiosidade social. Tentei achar um nome para esse fenômeno e acabei concluindo que só pode ser um: fofoca.

A geração T é a geração dos fofoqueiros. E você é testemunha.

Luciano Pires é palestrante, escritor, editor do site Café Brasil – www.portalcafebrasil.com.br

Originalmente publicado no Cultura News

  1. Andrea, acho que é mais fácil começar a fazer algo naquilo que você tem mais clareza e que mais te incomoda. O exemplo da palestra foi bom. Já vi muita gente que diante de um palestrante que fala absurdos começa a tuitar tudo o que pensa sobre o cara, mas não fala isso pra ele. Não muda nada!
    Uma atitude decente seria debater com ele, trocar ideias, não apenas apreciar e jogar ideias no vazio. Outra coisa é começar a verificar a fonte e o outro lado das informações. Quando você começa a fazer isso, se surpreende com o monte de bobagem que as pessoas encaminham, retuitam e por aí vai. Acho que é um início. Gostei muito do texto!

  2. Interessantíssimo seu artigo! Me considero, sem dúvidas, uma jovem da “Geração T”, mas que constantemente lembra de como é bom ser da “Geração D”. D de “desplugada” 🙂

  3. Nossa, maravilhoso texto. Parabéns!
    E entrei aqui meio chateado já achando que era mais um rótulo de gerações ;P
    Fato é que essa «fofoca» tem nos roubado a experiência. É como a galera que ñ curte o show tentando tirar a melhor foto do artista.
    Escrevi algo parecido sobre O que vai faltar à Geração Y. Aqui: http://bit.ly/jAlpWe.
    Aqui a tecnologia chega primeiro que a educação.

  4. Também amei o texto, concordo que estamos em uma geração T, nao cheguei a me comportar tanto assim ao ponto de twitar em uma palestra, mas admito que nao opino muito, acho que isso se deve principalmente aquele velho assunto entre os jovens: “medo de nao ser aceito por um grupo”. mas ao ler esse texto refleti, e vou tentar daqui pra frente deixar a “fofoca”……Obrigada pelo empurrão!! #GeraçãoDesplugada =D

  5. acho que podemos focar na prática “Amar a D_us sobre todas as coisas e ao próximo como a tí mesmo”. A quantidade exagerada de informação desvia a atenção do que é prioridade, que creio ser a busca da verdadeira adoração

    Quando conseguirmos isso vamos estar mais qualificados para servir o próximo…

    Um BIG abraço
    Pr Anderson Carneiro

  6. Concordo com o autor.. e, apesar de viver na geração T. Não me sinto da geração T. Gosto de fazer paralelos, analisar pontos negativos e positivos, ver os diversos pontos de vista. Mas, confesso, as vezes prefiro simplesmente calar. Ta faltando educação dentro de casa, na família, pra essa juventude sair do comodismo e procurar a formação do próprio senso critico. Depois da educação dentro de casa, que é primordial. Falta melhor educação nesse pais. Mas, desculpas para não buscar o seu intelectual, não, não existe, temos acesso a todo tipo de informação fácil e rápido.

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