Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Gênesis 1:27)

Quando Jesus veio ao mundo, ele nasceu de uma mulher (Gl 4.4). Apesar de os protestantes desejarem negar a veneração exagerada à virgem Maria, feita nas Igrejas Católicas Romana e Ortodoxa, devemos também evitar o extremo oposto de deixar de honrá-la. Se o anjo Gabriel dirigiu-se a ela como “agraciada” e se sua prima Isabel a chamou “bendita […] entre as mulheres”, não devemos ter receio de pensar e falar a seu respeito usando os mesmos termos, por causa da grandeza de seu Filho (Lc 1.28, 42).

Contudo, não foi apenas o fato de Jesus nascer de uma mulher que restaurou às mulheres certa dignidade perdida na queda, mas também sua atitude para com elas. Em suas viagens, Jesus era acompanhado não só por seus apóstolos, que eram todos homens, mas também por um grupo de mulheres, as quais haviam sido curadas por ele e então o sustentavam com seus recursos. Além disso, Jesus teve uma discussão teológica com uma pessoa no poço de Jacó, a despeito de ser uma mulher, samaritana e pecadora, o que dava a ele três razões para ignorá-la. Algo semelhante ocorreu com a mulher que foi pega no ato de adultério: ele foi gentil com ela e recusou-se a condená-la. Depois, enquanto se reclinava sobre a mesa, ele permitiu que uma prostituta chegasse por detrás dele para ungir seus pés com lágrimas, secá-los com os cabelos e cobri-los de beijos. Ele aceitou o seu amor e interpretou-o como gratidão pelo perdão que ela havia recebido. Ao aceita-lo, ele arriscou a sua reputação e ignorou a indignação silenciosa de seu anfitrião. Provavelmente, ele foi o primeiro homem a tratar essa mulher com respeito; antes, os homens haviam apenas a usado (Lc 8.1ss.; Mc 15.41; Jo 8.1ss.; Lc 7.36ss.).

Aqui estão três exemplos de que ele recebeu mulheres pecadoras em público. Um homem judeu era proibido de falar com uma mulher na rua, mesmo se ela fosse sua esposa, mulher ou filha. Também era considerado irreverente ensinar a lei a uma mulher. De acordo com o Talmude, seria melhor as palavras da lei serem queimadas do que serem confiadas às mulheres. Quando Maria, de Betânia, sentou aos seus pés para ouvir seus ensinamentos, ele a elogiou por ela ter feito a única coisa que era necessária. Ele também honrou a outra Maria, fazendo com que ela fosse a primeira testemunha da ressurreição.13 Tudo isso era inédito.

Sem qualquer rebuliço ou publicidade, Jesus pôs fim à maldição da queda, revestiu a mulher com sua nobreza parcialmente perdida e recuperou, para a sua nova comunidade do reino, a bênção da igualdade sexual, proveniente da criação original.

Trecho originalmente publicado no livro Os Cristãos e os Desafios Contemporâneos.

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