Um cristianismo que perdeu sua dimensão perdeu o sal e, não somente é insípido em si mesmo, mas inútil para o mundo

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Que tal ler o livro A Missão Cristã no Mundo Moderno, de John Stott, em apenas 5 minutos? A jornalista, missionária e leitora Tábata Mori topou o desafio e selecionou os trechos que mais sintetizam o conteúdo da publicação. Confira.

 

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A Missão Cristã no Mundo Moderno

A palavra missão não pode ser usada apropriadamente para cobrir tudo o que Deus está fazendo no mundo. No que diz respeito à providência e à graça comum, ele realmente está ativo em todos os homens e em todas as sociedades, quer eles reconheçam isso ou não. Mas esta não é sua ‘missão’. ‘Missão’ diz respeito ao seu povo redimido e o que Deus o manda fazer no mundo.
(p.22)

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Um cristianismo que perdeu sua dimensão perdeu o sal e, não somente é insípido em si mesmo, mas inútil para o mundo.
(The Uppsalla 68 Report. WCC, Genebra, 1968. P. 317-318. Editado por Norman Goodall, in Stott, p. 24)

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Quando qualquer comunidade se deteriora, a falha deve ser atribuída a quem de direito: não à comunidade que está indo mal, mas à igreja que está falhando em sua responsabilidade de, como sal, pôr fim à deterioração. E o sal só será efetivo se permear a sociedade, se os cristãos se atentarem novamente para a vasta diversidade dos chamados divinos, e se muitos penetrarem profundamente na sociedade secular para lá servir a Cristo.
(p. 37)

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… se a igreja local é ‘enviada’ à sua área como o Pai enviou o filho ao mundo, sua missão de servir é mais ampla do que o evangelismo.
(p. 38)

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A missão primordial é a de Deus, pois foi ele quem mandou seus profetas, seu Filho, seu Espírito… (p. 25) E ‘Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio’ (Jo 20.21) … Jesus fez de sua missão um modelo para a nossa… Portanto, nossa compreensão da missão da igreja deve ser deduzida da nossa compreensão da missão do Filho.
(p. 27)

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Jesus entregou-se a si mesmo em um serviço abnegado pelos outros e seu serviço teve uma ampla variedade de formas segundo as necessidades dos homens. Certamente ele pregou, proclamando as boas novas do reino de Deus e ensinando sobre a vinda e a natureza do reino, como entrar nele e como este reino seria espalhado. Porém, ele serviu por meio de obras, assim como por palavras, e seria impossível, no ministério de Jesus, separar suas obras de suas palavras. Ele alimentou bocas famintas, lavou pés sujos, curou os enfermos, confortou os abatidos e até ressuscitou os mortos.
(p. 28)

’Essa nova realidade (ou seja, o advento do reino) coloca os homens em posição de crise – eles não podem continuar a viver como se nada tivesse acontecido; o reino de Deus demanda uma nova mentalidade; uma reorientação de todos os seus valores; arrependimento.’
(René Padilla, em Stott, p. 65)

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O diálogo de um cristão com outra pessoa não significa negação da supremacia de Cristo, nem qualquer perda de seu próprio compromisso com Cristo; significa que uma abordagem genuinamente cristã deve ser humana, pessoal, relevante e humilde. No diálogo, compartilhamos nossa humanidade comum, sua dignidade e decadência, e expressamos nosso interesse comum por essa humanidade.
(Uppsalla, RelatórJS_12_07_16_Missao_Moderna_capaio 2, parágrafo 6, em Stott, p. 87)

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[O diálogo] é o contexto verdadeiramente humano e cristão dentro do qual o testemunho evangelístico deve ser dado.
(p. 99)

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Os cristãos devem persistir no convite sincero ao diálogo verdadeiro; eles devem exercitar a paciência ilimitada e recusar se sentirem desanimados. E a essência de todo o seu convite deve ser ‘considere Jesus’ […]. Não temos outra mensagem […]. Não é que os muçulmanos viram Jesus de Nazaré e o rejeitaram; eles nunca o viram, é o véu da distorção e do preconceito ainda está sobre suas faces.
(Christian Faith and other faiths. Oxford University Press, 1961, p. 65-66, 69, em Stott, p. 96)

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… A missão urbana ‘não é um assunto periférico para os cristãos’; é ‘uma das prioridades atuais do trabalho de Deus’. […] ‘A separação entre a Igreja e o mundo, especialmente o mundo da indústria e do trabalho manual, é historicamente ampla e contemporaneamente maciça.’ O que pode ser feito?
(Built as a city. Hodder & Stoughton, 1974, p. 16 e 254, em Sott, p. 96-97)

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Os cristãos devem se importar o bastante para dar prioridade em sua agenda ‘para se juntarem a outras pessoas na comunidade’, e juntos identificar e então tentar resolver alguns dos importantes problemas sociais de sua própria localidade.
(Built as a city. Hodder & Stoughton, 1974, p. 58, em Sott, p. 97)

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A menos que sejamos verdadeiramente libertos de uma dominadora conformidade com a tradição, com a convenção e com o materialismo burguês da cultura secular, a menos que nosso discipulado seja radical o bastante para nos fazer criteriosos com respeito às atitudes estabelecidas e indignados com todas as formas de opressão, e a menos que agora sejamos devotos a Cristo, à igreja e à sociedade de forma livre e abnegada, dificilmente poderemos alegar sermos salvos, ou até mesmo estarmos no processo de sermos salvos. Salvação e reino de Deus são sinônimos (Mc 10.23-27), e no reino a autoridade de Jesus é absoluta.
(p. 128)

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Pois o sincretismo declara que nenhuma religião tem finalidade, enquanto o universalismo afirma que nenhum homem está perdido… Se fosse verdade que todo homem está salvo, então a única função deixada ao ‘evangelismo’ seria informar ao ignorante sobre essas boas novas, e ‘conversão’ deixaria de indicar qualquer mudança, exceto na consciência do homem sobre sua verdadeira identidade.
(p. 134)

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É nossa tarefa solene afirmar que aqueles para quem nunca anunciamos o evangelho e dirigimos nosso apelo estão ‘perecendo’. Nós proclamamos a eles as boas novas de Jesus não porque eles já são salvos, para que sejam salvos e não pereçam.
(p. 135)

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A terceira diferença entre regeneração e conversão é que a primeira é um trabalho instantâneo e completo de Deus, ao passo que a virada de arrependimento e fé que chamamos ‘conversão’ é mais um processo que um evento […] o nascimento é uma obra completa. Uma vez nascidos, nunca estaremos mais nascidos do que no momento em que saímos do ventre. É o mesmo com o novo nascimento. Citando John Owen novamente, a regeneração

‘não é suscetível a graus, de tal forma que um seja mais regenerado que o outro… Os homens podem ser mais ou menos santos, mais ou menos santificados; mas não podem ser mais ou menos regenerados”
(p. 138)

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A conversão como um fenômeno encontra seu lugar em outras religiões. Isso se o que se deseja é apenas uma mudança de devoção. “Porém, se os cristãos acrescentarão que existem dimensões singulares à experiência de conversão cristã, já que nela, Deus, que por meio do seu Espírito regenera a pessoa interessada e ‘o objeto do sentimento religioso’, não é outro senão o Senhor Jesus Cristo.”
(p. 140-141)

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Temos a obrigação de ensinar que uma nova vida em Cristo inevitavelmente trará novas atitudes, novas ambições e novos padrões. Pois na conversão cristã não somente as coisas antigas passam, mas em seu lugar coisas novas chegam (2 Co 5.17).
(p. 141)

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Nós também precisamos comunicar em termos realistas e concretos as implicações contemporâneas do arrependimento, da conversão e do senhorio de Jesus Cristo.
(p. 142)

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A necessidade de incorporação à igreja por meio do batismo foi reconhecida claramente em Bancoc: ‘A conversão cristã […] insere as pessoas na comunidade cristã […]. A conversão cristã reúne as pessoas em uma comunidade adoradora, a comunidade doutrinária e a comunidade de serviço para todos os homens.
(Bangkok Assembly, 1973, p. 16, em Stott, p. 145)

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… um convertido a Jesus Cristo vive no mundo tanto quanto na igreja, e tem responsabilidades com o mundo tanto quanto com a igreja […]. A conversão não deve tirar o convertido do mundo. Em vez disso, deve enviá-lo de volta a ele, a mesma pessoa no mesmo mundo, e, ainda assim, uma nova pessoa com novas convicções e novos padrões. Se a primeira ordem de Jesus foi ‘venha’, sua segunda foi ‘vá’…
(p. 145)

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… conversão não é renúncia automática de toda nossa herança cultural.
(p. 147)

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A cultura é ambivalente porque o próprio homem é ambivalente. Como o Pacto de Lausanne expressa: ‘Porque o homem é criatura de Deus, parte de sua cultura é rica em beleza e bondade; porque ele experimenta a queda, toda a sua cultura está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca” (parágrafo 10). Dessa forma, ‘a cultura deve sempre ser julgada e provada pelas Escrituras’ e nós precisamos discerni-la e avaliá-la.
(p. 149)

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Devemos recusar a tentativa de forçar pessoas a entrar no reino de Deus. Tal tentativa é um insulto à dignidade dos seres humanos e uma usurpação pecaminosa das prerrogativas do Espírito Santo.
(p. 151)

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Usar o Espírito Santo para justificar nossa preguiça é mais blasfêmia do que piedade.
(p. 153)

 

Trechos de A Missão Cristã no Mundo Moderno, de John Stott, selecionados por Tábata Mori.

• Tábata Mori é jornalista e missionária da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB).

 

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