Cristianismo Básico foi o primeiro livro de John Stott publicado no Brasil pela Editora Ultimato. Traduzido em mais de 50 línguas, incluindo chinês, japonês, russo e coreano, o título é uma resposta à pergunta “o que significa ser cristão?”. A seguir o prefácio escrito por John Stott.

Prefácio

“HOSTIS Á IGREJA, CORDIAIS para com Cristo.” Estas palavras descrevem um grande número de pessoas da atualidade, especialmente os jovens.
Estas pessoas se opõem a qualquer coisa que tenha um aspecto institucional. Destestam o sistema e os privilégios dele decorrentes. Rejeitam a igreja, com certa razão, porque a consideram irremediavelmente corrompida por esses males.
Porém, o que essas pessoas rejeitam é a igreja contemporâneo, e não Jesus Cristo. Precisamente por verem uma contradição entre o fundador do cristianismo e o estado atual da igreja fundada por ele, tais pessoas têm adotado uma postura crítica e arredia. A pessoa e os ensinos de Jesus, contuto, não perderam seu apelo. Primeiramente, porque o próprio Jesus assumiu uma posição contra o sistema. Algumas de suas palavras possuem uma conotação claramente revolucionária. Seus ideais demonstraram ser incorruptíveis. Em qualquer lugar que ele estivesse, sua presença trnsmitia amor e paz. Além disso, ele invariavelmente praticava aquilo que pregava.
Mas seria Jesus realmente verdadeiro?
Um número considerável de pessoas no mundo inteiro cresceu em lares cristãos e aprendeu sobre a verdade de Cristo e do Cristianismo. Mas quando adquirem um senso crítico, essas pessoas acham mais fácil descartar a religião recebida na infância do que se esforçar para investigar sua veracidade.
Outras, porém, não nasceram em ambiente cristão, e absorvem os ensinos do hinduísmo, budismo ou islamismo, ou a ética do humanismo secular, do comunismo ou do existencialismo.
Entretanto, quando as pessoas de ambos os grupos ouvem falar de Jesus, não conseguem esconder facilmente o fascínio que ele lhes desperta.
Assim, nosso ponto de partida é a figura histórica de Jesus de Nazaré. Podemos afirmar com certeza que Jesus exitiu. Não há nenhuma dúvida razoável sobre isso. Sua historicidade é afirmada tanto por escritores cristãos como por pagãos.
Ele foi uma pessoa completamente humana, independente de qualquer coisa que se diga a seu respeito. Nasceu, cresceu, trabalhou e suou, descansou e dormiu, comeu e bebeu, sofreu e morreu como todos os homens. Ele tinha um corpo humano real e emoções humanas autênticas.
Mas será que podemos acreditar que ele é realmente “Deus”? Há alguma evidência que confirme a impressionante afirmação cristã de que o carpinteiro de Nazaré é o unigêntio Filho de Deus?
Essa questão é fundamental. Não podemos nos esquivar dela. Devemos ser honestos. Se Jesus não é o Deus encarnado, o cristianismo está liquidado. Resta apenas mais uma religião, recheada com alguns belos conceitos e uma ética notável. O elemento que tornava o cristianismo diferente de todas as outras religiões se perdeu.
Mas há evidências da divindade de Jesus; evidências boas, fortes, históricas, cumulativas; evidências que uma pessoa honesta pode aceitar sem cometer suicídio intelectual.Jesus fez algumas declarações bastante incomuns sobre si mesmo, ousadas e ao mesmo tempo despretensiosas. Temos também seu caráter incomparável. Sua força e sua mansidão, sua justiça incorruptível e sua terna compaixão, seu cuidado com as crianças e seu amor pelos excluídos, seu autocontrole e o sacrifício de si mesmo ganharam a adimiração do mundo. Além disso, sua morte cruel não foi o fim. Anunciaram que ele ressuscitou dentre os mortos, e a evidência circuntancial de sua ressusreição é irresistível.
Supondo que Jesus é o Filho de Deus, o cristianismo básico seria meramente a aceitação desse fato? Não. Uma vez persuadidos de sua divindade, devemos examinar a natureza de sua obra. O que ele veio fazer aqui? A resposta bíblica a essa questão é: “Ele veio ao mundo para salvar os pecadores “. Jesus de Nazaré é o Salvador enviado do céu que nós, pecadores, necessitamos. Precisamos ser libertos do egoísmo e receber forças para viver de acordo com nossos ideais. Precisamos aprender a amar uns aos outros, amigos e inimigos do mesmo modo. É isso que significa “salvação”. É isso que Cristo consquistou para nós por meio de sua morte e ressurreição.
Cristianismo básico seria a crença que Jesus é o Filho de Deus que veio para salvar o mundo? Não, ainda não é bem isso. Reconhecer a divindade de Jesus e a nossa necessidade de salvação e crer na obra redentora de Cristo não é o bastante. O cristianismo não é apenas uma crença; implica também ação. Nossa crença intelectual pode estar acima de qualquer crítica, mas temos que colocar nossa fé em prática.
O que então devemos fazer? Devemos assumir um compromisso pessoal com o Senhor Jesus, de coração e de mente, alma e vontade, entregando nossas vidas a ele, sem reservas. Devemos nos humilhar diante dele. Devemos confiar nele como nosso Salvador e nos submetermos a ele como nosso senhor; para então assumirmos nosso lugares como membros fiéis da igreja e cidadãos responsáveis dentro da comunidade.
Isso é cristianismo básico, e esse é o tema deste livro. Mas antes de passar para as evidências da divindade de Jesus Cristo, é necessário um capítulo introdutório sobre a abordagem correta. Os cristãos afirmam que é possivel encontrar Deus em Jesus Cristo. Uma análise dessa afirmação poderá ser de grande ajuda para entendermos que Deus, ele mesmo, é quem nos busca, mas ao mesmo tempo nós também devemos buscá-lo.

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