Um poema de Robert Frost (1875-1963) vai ganhando novos momentos de notoriedade e sentido: “Mending Wall”. Segue aqui uma singela tentativa de tradução.

 

 

“Consertando Muro”

(Robert Frost)

 

Tem alguma coisa que não gosta de muro,

Que faz o solo congelado se dilatar sob ele,

E derruba ao sol as pedras de cima,

E faz brechas que até duas pessoas podem passar lado a lado.

Rastros de caçadores é outra coisa:

Eu os tenho seguido de perto e feito reparos

Onde eles não deixam pedra sobre pedra,

Mas eles tiram o coelho da toca,

Para alegria dos cachorros.

As fendas a que me refiro,

Ninguém as viu ou ouviu sendo feitas,

Mas na primavera, tempo de consertar os muros, nós as encontramos ali.

Aviso meu vizinho além da colina;

E num dia nos encontramos para seguir a linha

E arrumar o muro entre nós de novo.

Mantemos o muro entre nós enquanto vamos.

A cada um, as pedras que caíram do seu lado.

E algumas são como fatias e outras são como bolas

Temos de usar encantamentos para mantê-las em equilíbrio:

“Fiquem onde estão até que viremos as costas!”

Arranhamos nossos dedos de tanto manuseá-las.

Oh, é só mais um tipo de jogo ao ar livre,

Cada um do seu lado.

É um pouco mais do que isso:

Naquele lugar, não precisamos de muro:

A propriedade dele é de pinheiros e a minha é de pomar de maçã

Minhas macieiras nunca irão invadir o terreno

E comer as pinhas sob os pinheiros dele, eu digo a ele.

Ele apenas diz: “Boas cercas fazem bons vizinhos”.

A primavera faz travessura em mim, e fico imaginando

Se consigo colocar alguma noção na cabeça dele:

“Por que elas fazem bons vizinhos? Não é

Onde há vacas? Mas aqui não tem vacas.

Antes de construir um muro, eu gostaria de saber

O que estou murando dentro ou fora,

E a quem estou querendo ofender.

Tem alguma coisa que não gosta de muros,

Que os quer derrubados”. Eu poderia dizer que são ”elfos” para ele,

Mas não são elfos exatamente, e eu preferiria

Que ele dissesse por si mesmo. Eu o vejo lá

Carregando uma pedra firmemente agarrada pelo topo

Em cada mão, como um selvagem armado da idade da pedra.

Ele se move nas trevas, ao que me parece,

Não de florestas apenas e de sombra de árvores.

Ele não ultrapassará os ditados do seu pai,

E se orgulha de ter tudo muito bem pensado,

E diz de novo: “Boas cercas fazem bons vizinhos”.

 

 

 

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