Na semana passada, tive o privilégio de me apresentar no projeto cultural Autorretrato da Música Cristã Brasileira, na Universidade Mackenzie. Uma experiência muito especial para mim. Entre uma gravação e outra, num breve intervalo, manhã de sexta-feira, fui ao Cemitério dos Protestantes. Fui logo visitar o local onde estão sepultados Ashbel Green Simonton (1833-1867), de quem reli o Diário este ano, e José Manoel da Conceição (1822-1873), cuja vida me fascina.

Há tempos venho querendo musicar algum poema de Conceição. Finalmente, tive a oportunidade e compartilho. Este poema, escrito em 1867, transpira simplicidade, devoção e esperança, virtudes que caracterizaram uma vida inteira. Nascido na capital, mas viajando por todo o inteiror do Estado de São Paulo, Conceição foi um peregrino. Por isso, tentei evocar na melodia duas referências fundamentais: os hinos protestantes que ele tanto amava e a música caipira, que certamente ele tanto ouviu.

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Escreve tu com própria mão,

Escreve, onipotente Rei,

Teu nome n’este coração.

E n’esta mente a Tua Lei.

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Vi outros reinos, ó meu Deus!

Devotos sempre os rende a Ti;

Os ilumina desde os céus,

E acenda Tua graça em mim.

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Teu nome e Tua Lei, Senhor,

Me fazem reto caminhar,

Vontade, inteligência, amor,

Guiando até os dominar.

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Se o meu Deus, em galardão,

E em meu apoio Se tornar,

A eternidade imensa, então,

Será o tempo de eu O amar.

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