Um dos presentes mais preciosos que o Senhor me concedeu em 2009 foi a oportunidade de fazer uma canção em parceria com alguém que admiro e com quem aprendo desde o final da década de 1970, Phill Keaggy. A história é meio maluca, mas vinha eu dirigindo altas horas da noite pela Br 101 entre Florianópolis e Criciúma ouvindo um disco instrumental de Phill Keaggy. De repente surge essa música: “The Song Within”. Fiquei surpreso e ao mesmo tempo impressionado com a linguagem da música e sua proximidade com a cultura brasileira. Eu tinha de fazer uma letra para ela. Foi o que fiz ao chegar em casa. Rabiscos, riscos, reelaborações. Então nasceu a canção “Varanda”.

Fiquei tão feliz que, num impulso irresponsável, não faria isso novamente, gravei minha voz por cima da música instrumental, traduzi a letra para o inglês (meu pobre inglês) e mandei tudo para o Phill Keaggy, esperando que a canção fosse devidamente esquecida e eu caísse na real. Acontece que o Phill Keaggy não apenas ouviu a canção, mas gostou da letra, aceitou oficialmente a parceria, e eu fiquei como quem sonha (rs). E mais, ele pediu-me que fizesse uma gravação em estúdio, só da voz, e ele faria uma mixagem para mim.

Compartilho com vocês a canção, devidamente mixada por ele.

Varanda (The Song Within)

Assentado à varanda

Abraçado ao violão

A memória é que anda

Nas estradas da canção

Vai sonhando pelo mundo

Deslumbrado coração

É tão belo e tão profundo

O universo do sertão

E a canção me leva junto

Pelas portas da manhã

Beira rio, areia e junco

Araucária e maçã

Quero o mundo replantado

Na beleza de um jardim

Do tamanho desta Terra

Sem começo e sem mais fim

Ouve esta voz, ouve este chão

Vem replantar o teu jardim!

Sonha com melhores dias

O pequeno menestrel

Mãos feridas e vazias

Pelo mundo tão cruel

Mãos que afagam esta terra

E que sonham com o céu

Esperança que não erra

Que transforma a dor em mel

Vai sonhando pelo mundo

Deslumbrado coração

É tão belo e tão profundo

O universo do sertão

(Gladir Cabral & Phill Keaggy)

  1. Que bela canção, e parceria. Parabéns, Gladir. Essa sensação de “ficar como quem sonha” também acontece com a gente quando faz canção contigo. abraços!

  2. Mestre Gladir,

    Emocionante e “sonhante”.

    Fiquei imaginando uma viola caipira ponteando ao fundo com uma mistura inusitada de um cello fazendo o contracanto, e a marcação de uma percussão leve (moringa, pau de chuva etc.)

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