coisa ruim

Estou lendo Cartas do Coisa Ruim, de C.S. Lewis. No prefácio escrito em 1960 ele fala sobre diabo e inferno. Em certa altura ele diz:

Prefiro os morcegos aos burocratas. Vivo nesta época de administradores. Os maiores males já não são verificados naqueles sórdidos ‘antros de crimes’ que Dickens tanto gostava de descrever. Já não são verificados nem mesmo nos campos de concentração. Em tais campos, apenas temos a visão dos resultados decorrentes dos males que se praticam. A verdade, porém, é que os maiores males são concebidos e engendrados (acionados, secundados, efetuados e articulados em todas as suas minúcias) em escritórios bem limpos, atapetados, aquecidos e devidamente iluminados, através de homens de colarinho engomado, que têm unhas tratadas; estão sempre bem barbeados e nem mesmo precisam falar em voz alta. Disto resulta que, como é natural, os símbolos que adoto para falar sobre o inferno são oriundos da burocracia de um estado em que a polícia domina ou do ambiente característico dos escritórios de certos estabelecimentos comerciais horrivelmente imundos (C.S. Lewis, Cartas do Coisa Ruim, 10-11).

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