Gosto de apresentar velhos poemas a novos e velhos amigos.

Bate o sino ao longe
E o coração mendigo geme
Porque o som distante lhe traz a falta.
Falta do que mesmo?
Falta do não vivido,
Do jamais tocado,
Do infinito nada,
Da existência atempo,
A que nunca houve,
E até da que era uma vez
Mas findou-se.

Bate o coração ao longe
E perto do mendigo o sino,
A catedral,
O vitral misterioso,
O cheiro da eternidade,
A sombra do templo,
O sagrado.
E o que falta mesmo?
Falta nada.
Tudo se completa
No mínimo instante
Em que um sino ausente toca
Para um coração vazio.

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