Deus é improvável. Seus planos são improváveis. Suas ações são improváveis.

É da improbabilidade, das mínimas porcentagens de chances, que ele tira suas maiores surpresas.

Da costela de um homem, surge sua companheira. De um dilúvio, uma nova chance. A um desconhecido em terras longínquas, uma voz e um mandamento: “sai da tua parentela”; inicia-se uma épica jornada de fé que abençoaria toda a humanidade. De uma família numerosa, o escolhido foi um menino ignorado; ele, que cuidava de ovelhas, tornou-se o primeiro grande rei e “um homem, segundo o coração de Deus”. De lugares menos esperados, vieram figuras estranhas e desconhecidas aos quais Deus selecionou para serem seus profetas, anunciando ao povo as palavras de sua própria boca. De um copeiro, um líder da restauração do povo de Deus. De um homem que vestia roupas feitas de pelos de camelo e comia gafanhotos e mel, o “maior de todos os profetas”. De um menino na manjedoura, o Rei dos Reis.

Deus é improvável.

E suas profecias também são.

Elas desafiam o cientificismo e a arrogância intelectual.

Elas mostram quem comanda o universo e quem faz nascer luz na escuridão. Quem divide o tempo e quem reconcilia consigo todas as coisas.

O Natal é a celebração do improvável. Assim a profecia de Isaías quase 700 anos antes já mostrava:

“Por isso o Senhor mesmo lhes dará um sinal: a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel.” (Isaías 7:14)

É improvável:

1) Deus falar;

2) Deus falar e antecipar o futuro;

3) Uma virgem ficar grávida;

4) Deus tornar-se homem e ser Emanuel, o “Deus conosco”.

A busca por Deus está fundamentada em crermos em Seu Improvável. Se o buscarmos no que nós mesmos definimos como possível, provavelmente o buscaremos nos lugares errados. O próprio Deus indica o caminho, e nós o seguimos. O próprio Deus acende a luz e nós nos abrigamos nela, a despeito da escuridão dentro de nós.

O futuro não é motivo de medo. Por ele esperamos, fundamentados nas palavras do Senhor. O tempo vindouro será brilhante; de uma mulher, a maternidade torna-se um recipiente da fé. Nascerá, milagrosamente, um menino, e sua vida e sua morte serão um milagre. Ele quebrará todos os muros e rasgará todos os véus; nada mais nos separará do amor de Deus.

Nada mais improvável do que eu – sendo tão pecador e falho – crer no Natal. Logo eu que ignoro as maravilhas e me deixo levar pela frieza dos números e dos argumentos vazios. Logo eu que fujo da vulnerabilidade e crio escudos de proteção baseados em minha força e habilidade. Logo eu que, por vezes, acredito na falácia de que sou o meu próprio deus.

Sim, creio no Natal. Creio que há uma esperança à minha espera. Creio que tudo é possível para Deus. Creio que um dia todas as coisas serão corrigidas e toda a justiça será feita. Olhando para o presente da revolução tecnológica e do secularismo, crer é algo extremamente absurdo.

Mas o Natal insiste em depor contra a arrogância dos poderosos.

Deus insiste em me fazer crer nele – o Improvável.

  1. Lisânder é um poeta.
    Em teologia ele faz mais poesia do que pensa ou escreve coisa com coisa.
    É uma pena, pessoa que se fez no labor do trabalho evangélico, nunca evoluiu teologicamente.
    Claro, o berço que o nutre, ULTIMATO, é do mesmo calibre.

    • A volta do Eduardo! Que honra!
      Eduardo é um questionador.
      Preocupa-se mais com as entrelinhas imaginárias do que com as letras escritas.
      É uma pena, pessoa que se fez no labor do trabalho evangélico, não (nunca?) evoluiu na construção consistente de uma proposta original de perguntas e respostas. Nunca(?) tornou-se referência.
      Claro, o berço que o nutre, SUA ILUSÃO, é do mesmo calibre.

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