Portas abertas para quem chega
Entra, senta, a mesa está posta
Entrelaça os braços e come o pão
Abraça o irmão e toma o vinho

Mas onde está o anfitrião?
Cadê seu sorriso?
Como achar sua compaixão?
Por que o silêncio?

Na ausência, ele está.
Apesar de meus olhos turvos,
Ele fita minh’alma.
Ele está.

Em sua memória,
Comemos o pão
Bebemos o vinho.

Em sua memória,
Somos mais do que um
Somos seu próprio corpo.

Pedaços, goles, porções
Despedaçado ele foi
Despedaçados estamos
Somos sua própria dor líquida
Vermelha, dolorida, revivida.

No pão e no vinho,
Anunciamos sua morte
Antessala para a vida
Porto de despedida
Em direção ao destino: eterno.

Não mais ausência
Não mais pedaços
Não mais sangue
Não mais lágrimas

Ele está.

É na ceia que somos mais do que já fomos
É na ceia que ele é em nós mais do que tentamos ser.
Somos ele em nós.
Somos a casa aberta e a mesa posta.

Ele está aqui. Sempre esteve.

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