O caminho era estreito, mas dava numa grande campina, com um horizonte verde dourado e um vento incessante. No início da caminhada, me falaram mesmo que encontraríamos a campina. Mesmo assim a esperança estava apenas no fundo, como reserva para quando o medo do desfiladeiro fosse mais forte.

O caminho era estreito, sim. Poucos andavam por ele. Mas quem sinceramente por ele passava não se alegrava com o fato. Ao contrário, para quem sofre com a caminhada, a solidão só piora.

O caminho era estreito. Não havia espaço para idealizações. Cada passo era uma vitória.  Cada quilômetro percorrido era como que uma confirmação: “você está na direção certa”. O mais incrível era isso: a esperança que era pequena no início, foi ganhando força até o final.

O caminho era estreito. Mas a experiência da jornada preencheu todo o meu ser. A presença do Companheiro fez de mim um peregrino melhor, mais justo, mais  compassivo e com um olhar mais decidido.

A questão não é escolher entre as facilidades do caminho largo ou as dificuldades do caminho estreito. É ouvir e confiar na voz de quem nos guia. E não se esqueça: a campina está no final.

  1. Excelente texto, a tendência ao lirismo são evidentes nos seus textos, que de tão bons são obras e arte. A comparação feita com o ” caminho percorrido” , ou a percorrer e as experiências da vida humana é incrível . Há uma proximidade com o leitor, que os permite fazer parte do contexto. Parabéns!

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