charlie-hebdo-reactionO mundo está indignado com o que aconteceu na França nesta semana marcada pelo terrorismo contra a liberdade de expressão. No Brasil, muitos são os comentários de especialistas: por que isso aconteceu? qual será o cenário político recorrente? quais são os inimigos e o que está em jogo? como a França deveria lidar com o “choque de civilizações”?
Como não sou especialista em coisa alguma, me contenho somente com a tarefa de fazer perguntas para um(ns) entrevistado(s) imaginário(s):
1. A democracia pressupõe liberdade de vozes. Mas e quando uma voz é exatamente contrária à democracia, como a democracia deve lidar com ela?
 
2. Como os “esclarecidos” (na família, na amizade, no trabalho ou em uma nação) lidam com a ofensa de outros? Seus gestos costumam ser honestamente democráticos?
 
3. Por que o terrorismo consegue seduzir jovens criados em plena Europa (democrática, rica e moderna)? O faz com que estes jovens encontrem “sentido” na causa violenta, e não na causa democrática?
 
4. O quanto a mobilização da opinião pública mundial em torno do atentado será consistente ou não? Somos todos reféns emocionais dos acontecimentos?
 
5. A resposta terrorista ao humor debochado do Charlie Hebdo foi claramente errada. A violência foi a resposta ao deboche. Como os humoristas do jornal já haviam recebido ameaças, e mesmo assim persistiram em sua liberdade de expressão, podemos considerá-los “mártires”? Se sim, que conceitos de “martírio” (dos jornalistas? dos terroristas? dos policiais? dos políticos?) estão em jogo na questão?
 
6. Os terroristas eram claramente religiosos. Mesmo que se alegue que eles não representam o Islamismo como um todo, a pergunta continua: como as sociedades modernas (ou pós-modernas?) devem lidar com as expressões religiosas? Demonizá-las? Privatizá-las? Defendê-las? Satirizá-las?
 
7. Cristo também teve que lidar com a truculência de seus desafetos (até a morte!). Além disso, ele não escondeu de seus discípulos que eles também enfrentariam truculências diversas por causa de sua fé (Mt 5). Como, particularmente, o exemplo de Jesus poderia ajudar as religiões a lidarem com oposições (justas ou injustas)?
E aí, você gostaria de ser o entrevistado? Ou gostaria de fazer novas perguntas?
Ilustração: François Maumont / Twitter

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