Propostas maravilhosas para tirar o país da miséria, ataques ferozes contra inimigos da pátria, estatísticas que materializam vontades ideológicas ou simplesmente preferências pessoais. Manchetes bombásticas nos jornais, revistas e canais de TV. Tudo isso esteve na boca do povo – ou nas timelines das redes – nos últimos meses.

Veja só! Descobrimos que o rei estava nu. Ou seriam os reis? Ou seríamos nós mesmos?

Ímpeto ou reflexão consistente? Talvez um pouco de cada coisa ou apenas a adrenalina que toma conta de um torcedor de futebol. A verdade é que pouquíssimas pessoas ficaram indiferentes aos pleitos eleitorais, especialmente, quando a disputa era o maior cargo político do país: a presidência.

Um dia após a votação do segundo turno, o que fica é um tipo de “ressaca”. Ainda tontos, queremos tomar um café forte e continuar o dia. Mas, ao contrário do tal boêmio, não dá para esquecer a noite passada. Ela terá consequências concretas no dia a dia.

Não foi por acaso que ambos os candidatos à presidência logo após o resultado final, adotaram o discurso da união. Aécio telefonou para a presidente e disse querer trabalhar para que haja junção de forças. Dilma fez questão de ressaltar que “o país não está dividido” e que sua prioridade já agora será a construção de pontes, do diálogo e da união.

Não é preciso ser cientista político para perceber que, sim, tivemos divisões. Não meras divisões de botequim, mas discussões graves que podem, se não rachar relacionamentos, pelo menos gerar dificuldades do trabalho em conjunto.

Se por um lado, embates políticos fazem parte de qualquer democracia, temo que, no nosso caso, tenhamos usufruído da liberdade para tal sem medir as consequências e sem ter aproveitado o momento para aprendermos mais sobre política e sobre nossa nação.

Penso que precisamos agora de uma certa humildade para olhar para trás e avaliar nossos erros e acertos. Talvez tenhamos falado coisas como se as soubéssemos; talvez tenhamos acusado pessoas e projetos como se tivéssemos realmente investigado estas pessoas e projetos; talvez tenhamos criticado manchetes infundadas da mídia, ao mesmo tempo que reproduzíamos outras manchetes ao sabor de nossa conveniência.

Se antes abominávamos o assunto “política” e éramos alienados diante de assuntos da pólis, agora parece que mergulhamos fundo e descobrimos que não sabemos nadar direito. Estas eleições foram uma grande oportunidade para começarmos a aprender o que é política e o que está em jogo.

Sou cristão e o Cristianismo não me dá apenas o senso de certo e errado, mas também me ensina, a partir do exemplo de Cristo, como devo lidar com o certo e o errado. Daí registros bíblicos como o “Sermão do Monte” (Mt 5) sobre os “bem-aventurados” e a carta do apóstolo Paulo aos gálatas (Gl 5) sobre o fruto do Espírito. Claro que em alguns momentos, temos que “virar as bancas dos salteadores”, mas só se tivermos autoridade para tal. Sem perder a ternura.

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