Gosto de futebol. Gosto de filosofia. Confesso que não sou bom entendedor de nenhum dos dois. Mas alguns dias de férias têm de ajudado a acompanhar com mais tempo a fase de “mata-mata” da Copa do Mundo. Além de torcer e vibrar, é interessante perceber como o esporte – além das quatro linhas – dá luz a aspectos relevantes da vida.
Começo com os discursos dos jogadores. Nas propagandas dos patrocinadores, eles ressaltam suas habilidades pessoais e um tipo de heroísmo imbatível. Na vida real, após um jogo quase perdido ou uma falha vergonhosa, o discurso – mais humano e humilde – fala de união, de superação, a despeito dos erros. Há também os discursos espontâneos que expressam mágoas, raivas e auto-defesas.
Se no espetáculo do futebol, valorizamos a capacidade humana, a beleza, o charme, a grife, na hora que a derrota está próxima e todas as forças estão findando, é a fé pura e simples em Deus que vale. Como meninos indefesos, os heróis oram e lacrimejam.
Nós, os expectadores deste grande espetáculo, tentamos encontrar valores em cada jogo: patriotismo, tolerância (#saynotoracism), alegria, amor, superação, perseverança. Não nos faltam frases de efeito e uma forte dose de esperança pela tão sonhada identidade de “campeão”. O futebol se torna algo mágico, e nossos olhos encontram uma alegria que a rotina cansativa tinha empurrado para escanteio (desculpe o trocadilho).
Nossa filosofia do futebol, apesar de tão imediata e emocional, busca experiências marcantes que, se possível, nos levem para algum tipo de História (com H maísculo). Desejamos isso, gastamos tempo nesta procura. Quem não se lembra aonde estava em outras Copas?
Espetáculo é espetáculo. E quem o faz tem suas intenções (muitas vezes, excusas, é verdade). Mas, de alguma forma, o que está em jogo não é apenas o meu país, mas eu mesmo. Não foi só o Neymar que se sentiu injustiçado; eu também.
Se filosofia tem  ver com a busca pelo sentido da vida, o futebol pode ser uma metáfora e uma experiência para todos nós. Mesmo que não sejamos campeões, valeu a pena perceber que somos mais do que produzimos. Somos também o que torcemos que aconteça.

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