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Não há época mais abundante de discursos públicos do que os anos eleitorais. E quando o que está em jogo é o maior cargo político do país, aí sim, os discursos brotam como capim.

Nada contra discursos. Foi a partir deles que os primeiros filósofos definiram o conceito de política, não? É uma arte de persuadir por meio dos recursos verbais.

No entanto, ao mesmo tempo que a política nos mostra a grande capacidade humana de pensar os dilemas humanos dentro de uma dimensão coletiva ampla, também podemos afirmar que exatamente nesta época ressurge a poderosa arte de manipular e enganar. Faz parte do jogo? Para muitos, política e engano andam juntos. Para outros, trata-se do risco que corremos quando há forças tão grandes em disputa.

Os discursos políticos das arenas públicas da Grécia foram aperfeiçoados para as telas sofisticadas da TV. Tudo milimetricamente planejado e pensado. A capacidade humana de criar mitos e projetar ilusões é fantástica. Basta ter dinheiro, tempo e uma boa equipe de publicitários.

Promete-se de tudo. Casas, prosperidade, moralidade, salário e diversão. Tudo em quatro anos, como se fosse fácil.

Os discursos são necessários. A persuasão também. Mas não sejamos ingênuos.  Não precisamos assumi-los com o status “bíblico”. Não precisamos confiar neles, como um santo confia na revelação divina. Os discursos são um fio do novelo, não são o novelo inteiro.

Não bastassem, os discursos possuem o poder de polarizar assuntos e esconder outros; afastam pessoas que poderiam estar, respeitosamente, próximas. E talvez o pior: os discursos políticos podem “viciar” os diálogos, ou seja, o que poderia ser uma troca aberta de ideias torna-se uma defesa pré-concebida de posições e elucubrações de teorias de conspiração.

Se o discurso político não nos ajuda a discernir a complexidade que é viver em comunidade ao ponto de melhorar a vida da maior parte das pessoas, ele pouco serve. Torna-se ferramenta de manobra. Deixa de ser um maravilhoso recurso da humanidade e torna-se uma medíocre luta por poder, dinheiro e fama.

Neste caso, Tomé estava certo: só acredito, vendo.

  1. Caro,

    A exemplo do que acontece nas democracias mais modernas precisamos avançar em nosso país para uma nova realidade: a do voto eleitoral não obrigatório.

    Com o voto livre, os políticos vão precisar trabalhar mais para nos conquistar. Estarão mais ocupados em mostrar resultados concretos, palpáveis, que possam nos convencer e motivar a votar neles ou não. Deixarão, por conseguinte, de recitar as costumeiras promessas e balbuciar os mesmos discursos vazios que se repetem de 4 em 4 anos e que nunca se cumprem na realidade da grande parcela dos eleitores brasileiros.

    Penso que devemos reivindicar esta possibilidade, pois democracia se constrói com liberdade, com escolhas ou não escolhas.

    Obrigado,

    Carlos F. Geisler

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