Suas pernas estão enganchadas nos galhos secos da mangueira morta, outrora viçosa. Mas seus olhos em direção ao pai transmitiam uma mensagem direta, clara e urgente: me ajude. O pai não levantou-se de imediato. Queria ver a persistência do filho, mesmo que este ainda tivesse apenas 3 anos.

O filho insiste no olhar, mas também agora – e a cena muda rapidamente – usa a expressão facial sofrida para anunciar o choro que já virá; e, quem sabe, assim convencer o pai de livrá-lo do incômodo.

O pai sorri. O sofrimento não é tão grave. Mesmo assim, e antecipando-se ao choro, levanta-se e começa a libertar lentamente as pernas do filho do incômodo contato com as pontas dos galhos.

O dia está bonito. Sol da manhã forte, mas com sombras providenciais. Calor, nem tanto. Mas o que mais fascina o pai é o cheiro de mato molhado. Choveu durante a noite. Quando abandona a agenda corrida e se embrenha no mato, parece que volta a ter contato com algo esquecido, algo fora da sua realidade, mas ao mesmo tempo, algo muito próximo. A um simples encontro, volta tudo outra vez.

O filho é a presença nova nesta experiência. Pela primeira vez estão juntos naquele lugar. O menino, o mato, a falta de jeito da criança, o toque do pai, tudo parece se unir e conectar passado, presente e futuro. O pai era aquele menino. O menino será o pai. E aquele lugar é quem acolhe a história de ambos, mesmo que por vezes uns galhos incomodem o passeio.

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