Minha sobrinha Helena tem 4 anos. No sábado à tarde passeamos com ela em uma bonita área verde na minha cidade. Era a primeira vez que ela visitava o local. Com a energia própria de uma criança, Helena não parava de correr, de inventar brincadeiras e de nos envolver nelas.

Enquanto me tornava seu coadjuvante nas aventuras, eu ia dando atenção à beleza teológica daquele momento. Helena se encontrou com muitas verdades novas e com um mundo desconhecido. Ela não conhecia o local, nunca tinha visto aquelas flores, ainda não havia sentido a textura da grama, o cheio do mato, o barulho dos pássaros. Os seus cinco sentidos foram aflorados e o seu encantamento por tudo aquilo foi muito evidente.

Helena não teve dúvidas. Tudo aquilo lhe pertencia. Ela tinha permissão para se envolver num novo mundo bem diante de seus olhos. E fazia isso com bastante alegria e satisfação. O perigo ou o risco de um acidente não era um grande obstáculo para que ela decidisse correr, colher flores ou caminhar ao lado do pequeno lago represado. Quando seu pai chegou, ela correu até ele e imediatamente o envolveu em tudo aquilo. Com o nosso devido cuidado de adulto, vez ou outra lembrávamos a ela alguns limites, como correr com atenção, não ficar no sol, etc. Ela obedecia, mas isso não a fazia desistir de continuar sua experiência; muito menos diminuía seu fascínio.

Helena me ensinou e me fez lembrar a beleza teológica do Evangelho de Jesus. Ele nos oferece um mundo novo e uma verdade poderosa que nos envolve completamente. Quase que sinto a empolgação de Paulo quando ele disse: “considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas” (Fp 3.8).

Minha sobrinha me ajudou a perceber que diante da grandeza de Cristo e do seu trabalho de redimir a vida e trazer significado a todas as coisas, não me resta outra atitude senão de me encantar e me deixar envolver profundamente com esta grande obra. Por que não me alegrar? Por que não experimentar este Evangelho? Por que não convidar outros para a dança? Por que não perguntar e fazer descobertas? Por que não dialogar com aquela realidade tão bela?

A tragédia é perceber que a medida que nos tornamos adultos o mundo já não parece tão novo, a verdade já não nos envolve tanto e os sentidos ficam acomodados. Cristo e seu Evangelho são cópias de filmes repetidos. No entanto, o Espírito de Deus nos convida a resgatar o encantamento e a participar da maravilhosa realidade da reconciliação com Cristo. Ele nos chama para descobrir o que está em jogo, o que está sendo transformado e o que realmente faz sentido.

O milagre é que está tudo aqui, bem diante de nossos olhos!

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