“Onde está o teu tesouro, aí estará também o seu coração”, disse Jesus. O lugar do meu coração é o colo do Pai, mas os rumos que devo tomar aqui na terra nem sempre são precisos. Isso porque sou meio surdo. Não ouço muito bem as palavras do Mestre anunciando os preceitos, as cores e as promessas do Reino.

Vez ou outra me esqueço do que faz meu coração pulsar e me dedico somente a cumprir ordens e atender expectativas. A voz de Deus é que faz o coração bater, mas nem sempre é fácil dizer o que é e o que não é a voz de Deus.

Para isso, preciso trilhar uma caminhada muito mais longa e profunda, que conjuga os lados de dentro e de fora de meu coração, as palavras dos que me amam e dos sábios, e o coração do Pai revelado nas Escrituras.

A decisão de onde depositar o meu tesouro (aquilo que mais valorizo) necessita de coragem. Significa que meu coração não estará em todo lugar, nem atenderá todos os interesses e expectativas. Em muitas frentes e demandas da vida, ele simplesmente estará ausente com o nobre fim de quedar-se completamente presente em outras. Não é egoísmo, mas humildade e sabedoria.

A frase de Jesus se refere originalmente ao risco de ser levado pelos rumos da ganância material (Mt 6.19-21). Dedicar minha vida a acumular tesouros sobre a terra é como construir castelos de areia na praia. Por mais bonita que a obra fique, as ondas virão e levaram consigo todo o trabalho realizado. O materialismo empobrece e confunde a caminhada.

Para caminhar com coragem é preciso, antes de tudo, discernir entre o efêmero e o perene, entre provisório e o eterno. Como começar? Esquadrinhando o coração, o único tesouro que realmente possuímos.

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