ossa geração parece confusa. E isso se deve em parte por causa de sua incompreensão sobre liberdade. A palavra é bonita, se torna um alvo, uma linha de chegada para a maioria dos nossos contemporâneos.
Imagino um adolescente sonhando em ser independente dos pais: chegar a hora que quiser em casa, fazer o que desejar, se relacionar com quem quiser…
Imagino uma mulher pensando em como seria bom se tivesse permanecido solteira: poderia trabalhar mais, ganhar mais, ter mais relacionamentos amorosos, planejar melhor sua vida.
O homem já pensa seriamente em ter mais de um casamento. Se não der certo um, apropria-se do direito à liberdade e bem-estar, para pedir o divórcio e iniciar um novo ato conjugal.
Por trás desta maneira de pensar há uma idéia de que “fomos feitos para sermos livres, e disso ninguém pode nos privar”.
Mas por muitas vezes esquecemos que a liberdade não tem muito sentido se não consideramos também nossa própria natureza humana. Ou seja, somos seres que necessitam de ajuda, que precisam de modelos, que anseiam por orientação na caminhada da vida. Liberdade sem referências que nos moldem e nos mostrem o caminho certo nos torna órfãos, e não pessoas livres.
É triste perceber que caminhamos rumo à orfandade. Não temos mais pessoas reais a quem nos espelhar; apenas os vultos plastificados pela TV ou pela maquiagem da publicidade. Não desejamos ouvir os conselhos de outros que nos conhecem, que sabem nossa história pessoal, que nos amam. Preferimos os conselhos fabricados de autores de livros de sucesso que vendem milhões de exemplares, mas que não sabem quem realmente somos.
No livro A Estrada, de Cormac McCarthy, um homem e seu filho caminham por uma longa estrada em direção à costa, tentando sobreviver em uma terra completamente devastada e destruída; sem comida, com quase nenhuma esperança, sem pessoas do bem com quem caminhar. A ficção traduz claramente este sentimento de orfandade que vivemos hoje.
Precisamos repensar o que entendemos por liberdade. Isso vai nos ajudar a fazer as escolhas certas, a valorizar a amizade e as pessoas que estão próximas.
Liberdade é um presente de Deus. Ele sabe que precisamos tomar conta da nossa vida, mas sabe também que precisamos uns dos outros. E precisamos essencialmente dele mesmo.

  1. Ótima analogia! Vale repetir: “Liberdade sem referências que nos moldem e nos mostrem o caminho certo nos torna órfãos, e não pessoas livres!” Os homens (e as mulheres também) tendem a acreditar que suas concepções e vontades são absolutas, e que precisam de “liberdade” para agir e pensar. E fazem assim quase que individualmente, exceto no momento de dominar, explorar, alienar o agir e pensar do outro. Na verdade, todos temos “únicas” consciências e somamos ações individuais, na produção social. E pra fazer valer a nossa criatividade, parece sim importante não reprimir a liberdade do outro. Quando eu descubro a verdade ela me faz realmente livre! Mas a verdade que eu descobri não é minha! Eu tenho uma referência! E ela me ensina a compartilhar e valorizar a amizade e a liberdade e as pessoas que estão próximas.Deus nos dá liberdade para descobrir a verdade e, assim, nos tornarmos livres para amar!Deus de abençoe muito, amigo Lissander! Abraços!Wilde Dias

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