Simplicidade
– Um só Senhor
Estudo 5 – Série Livros – O Discípulo Radical, John Stott
Texto básico: Lucas 12.13-34
Textos de apoio
– Levítico 25.8-24
– Deuteronômio 24.10-22
– Provérbios 31.8-9
– Isaías 58.5-10
– Atos 4.32-35
– 1 Timóteo 6.6-10
Introdução
No estudo anterior, refletimos sobre o cuidado com a criação. E uma das maneiras de expressarmos esse cuidado é a adoção de um estilo de vida mais simples, reduzindo nosso afã pelos bens materiais e freando o nosso consumismo. Ao mesmo tempo, o compromisso com a simplicidade nos conduz “para águas mais profundas”, permitindo a descoberta e a prática de uma virtude cristã imprescindível para quem deseja ser um discípulo radical.
Nas palavras de Richard Foster: “A cultura contemporânea é atormentada pela paixão de possuir. Está sempre presente a ideia de que uma boa vida é encontrada no acúmulo de bens materiais. (…) A simplicidade nos liberta dessa mania moderna, trazendo sanidade à nossa extravagância compulsiva e paz ao nosso espírito frenético. Ela nos permite ver as coisas materiais como elas são – bens para embelezar a vida, não para oprimi-la” (Celebração da Simplicidade, United Press, 1999).
John Sott, ao introduzir este tema, também nos desafia à reflexão: “Todos os cristãos dizem ter recebido de Jesus Cristo uma nova vida. Mas qual o estilo de vida certo? Se a vida é nova, o estilo de vida precisa ser novo também” (p. 56).
Como Jesus desafiou seus discípulos acerca deste tema? Como deveriam reagir diante da posse de bens materiais? Por que a avareza representava um perigo constante? Onde deveriam depositar sua confiança?
Para refletir e entender o que a Bíblia fala
- Na sua opinião, a resposta de Jesus (vv. 14-15) revela algo sobre as motivações do homem que, aparentemente, procura Jesus com um pedido sincero de ajuda? O princípio apresentado por Jesus no v. 15 se aplica a quem? Ele continua sendo válido e importante hoje em dia?
- Imagine que o homem rico da parábola contada por Jesus (vv. 16-21) fosse alvo de uma reportagem nos jornais ou revistas brasileiras atuais. Como ele seria descrito? Mas, na opinião de Deus ele é um “insensato”. Por que? Como você descreveria alguém que é “rico para com Deus”?
- Terminando a parábola, Jesus se dirige agora aos seus discípulos, convidando-os a fazer um exercício de observação (vv. 22-28). O que os corvos e os lírios poderiam ensinar a eles sobre as preocupações com as necessidades básicas de sobrevivência? O trabalho para suprir essas necessidades é legítimo? Onde está o problema, então (vv. 25-26)?
- Veja o princípio estabelecido por Jesus no v. 23. Existe alguma relação entre este princípio e aquele primeiro oferecido por Jesus no v. 15? Qual?
- Por que os discípulos não deveriam dar lugar à ansiedade, como faziam os pagãos (vv. 29-30)? Quem está no controle, afinal? Jesus estabelece aqui mais um princípio, no v. 31. Compare agora este princípio com aquele do v. 21. Qual a relação entre “buscar o reino de Deus” e “ser rico para com Deus”?
- Eugene Peterson nos ensina que “Deus não tem nada contra os tesouros; a questão para ele é o lugar que eles ocupam” (Um Ano com Jesus, Ultimato). Jesus encerra este trecho desafiando os discípulos à pratica do desapego (vv. 32-34). Qual deve ser o alicerce deste desapego? O que significa, em termos práticos, “fazer um tesouro nos céus” (v. 33b)?
Hora de Avançar
O apelo por um estilo de vida responsável não deve estar divorciado do apelo por um testemunho responsável. Pois a credibilidade de nossa mensagem diminui seriamente sempre que a contradizemos em nossas vidas. É impossível proclamar, com integridade, a salvação de Cristo, se ele, evidentemente, não nos salvou da cobiça, ou proclamar seu senhorio se não somos bons mordomos de nossas posses; ou proclamar seu amor se fecharmos nossos corações para os necessitados. Quando os cristãos se importam uns com os outros, e com os pobres, Jesus Cristo se torna mais visivelmente atraente. (Compromisso evangélico com um estilo de vida simples, citado na p. 68)
O alegre paradoxo em tudo isto é que, enquanto a simplicidade é complexa, ela também é simples. Em última análise, não somos nós que temos de desembaraçar todas as complexidades do nosso mundo complexo. Não há muitas coisas que precisamos ter em mente – na realidade, apenas uma: Prestar atenção à voz do verdadeiro Pastor. Não há muitas decisões que precisamos tomar – na realidade, apenas uma: Buscar primeiramente seu Reino e sua justiça. Não há muitas tarefas que precisamos fazer – na realidade, apenas uma: Obedecer a Deus em todas as coisas. Como Soren Kierkegaard compreendeu tão claramente, somos afinados com uma coisa somente, e esta é a simplicidade da simplicidade. (Richard Foster, Celebração da Disciplina, United Press)
Para Terminar
- Obviamente, o chamado para um estilo de vida simples independe da quantidade de nossas posses. Aliás, a “riqueza” de alguém, dependendo do contexto social e cultural onde viva, pode ser dimensionada por outros atributos não materiais, como gênero, raça e nível de escolaridade. Por isso, cada um de nós deve ponderar em que medida tem exercitado a simplicidade e o desapego. Reflita sobre isso, e peça ao Senhor que lhe ajude a perceber as necessidades ao seu redor, e também de que maneira você pode ser útil para minorar, ou mesmo eliminar, essas necessidades.
- Revise as atividades que você desenvolveu na última semana, ou no último mês. De que maneira(s) você acabou sendo seduzido pelo materialismo e/ou consumismo? Gaste alguns minutos em oração sobre isso.
Eu e Deus
Guiai meus passos no caminho que traçastes,
pois só nele encontrarei felicidade.
Inclinai meu coração às vossas leis,
e nunca ao dinheiro e à avareza.
Salmo 119. 35-36 (tradução da CNBB)
Leia mais
A Mensagem do Sermão do Monte – Contracultura Cristã, John Stott, ABU Editora.
O Discípulo Radical, John Stott, Editora Ultimato.
>> Autor do Estudo: Reinaldo Percinoto Junior
muito bom os ensinamentos de Stott sobre o discípulo radical. profundo como deve ser. e simples para quem quer ser.
Maravilhoso.edificante!