Cultivando a paz em nosso coração

CULTIVANDO A PAZ EM NOSSO CORAÇÃO

 

Texto Básico: 2 Tessalonicenses 3.16

Leitura Diária
Domingo: Jl 3.18-21 – Esperando pela restauração do Senhor
Segunda: Hb 11.1-22 – A fé como certeza plena
Terça: Hb 11.23-40 – A fé como experiência vital
Quarta: Tg 1.2-4 – Forjando o caráter pela experiência
Quinta: Sl 46.1-11 – Deus, refúgio e fortaleza
Sexta: Sl 23.1-6 – No vale da sombra da morte
Sábado: Sl 91.1-16 – Escondendo-se no Altíssimo

 

Introdução

Ao assistirmos aos noticiários, ao abrimos os jornais, ao falarmos com as pessoas nas ruas, os relatos de violência se repetem. Podemos afirmar que vivemos um período de ausência de paz, de segurança e de afeto. Muitas vezes, nos sentimos com o coração acelerado, temeroso, duvidoso e até mesmo, como se a fé tivesse saído de nossa alma. Ainda que nossa mente afirme a confiança no Senhor e em seu plano eterno, algumas vezes nossas emoções parecem negar essa certeza.

O que fazer nas situações em que somos afetados diretamente pelos transtornos causados pelo pecado no mundo? Como devemos nos comportar e como podemos regular nossa vida de modo a sofrer o menos possível diante de abalos emocionais profundos?

A Palavra de Deus nos ensina sobre como lidar com as emoções de modo que tenhamos paz em meio às tempestades da vida.

I. O que é paz?
Comecemos definindo o que é paz. No Antigo Testamento, o termo shalom se refere à ideia de ausência de conflito (1Cr 22.9; Pv 17.1), entretanto, por toda a Bíblia, o termo tem uma extensão de significado bem mais ampla. Pode significar bem-estar do indivíduo, de grupos, de nações, prosperidade física e material (Sl 4.8; Lm 3.17; 1Sm 20.42; Ml 2.5; Êx 18.23; Gn 15.15; Zc 8.19).

No Novo Testamento, a palavra paz tem seu sentido ampliado para a ideia de satisfação da ira de Deus por meio da morte de Cristo na cruz. Cristo veio para estabelecer a paz (Lc 2.14,29; 19.42), ele ensinou a necessidade de paz (Mt 5.9; Jo 14.27), e a trouxe por meio de sua morte e ressurreição (Rm 15.33ss).

Outro sentido percebido é o de paz interior que, embora não se caracterize pela ausência de lutas ou adversidades circunstanciais, mostra-se suficiente para trazer discernimento e controle emocional diante de momentos de angústia, dúvida e terror (Rm 15.13; Gl 5.22; 2Tm 2.22; Jo 16.33; Hb 12.11; 2Co 4.7ss).

Em 2Tessalonicenses 3.16 lemos sobre uma paz bem diferente da paz genérica que às vezes desejamos.

A paz que as pessoas ao nosso redor imaginam é aquela sensação que traz calma, tranquilidade, bem-estar, algum tipo de contentamento, no dia a dia. Acontece que esse tipo de paz pode ter diversas origens. O uso de algumas substâncias entorpecentes, por exemplo, podem dar à pessoa a sensação de calmaria, autocontrole, submissão. É o caso de bebidas alcoólicas para alguns, de cigarros para outros, ou até mesmo outros tipos de droga. Música também pode ser um excelente recurso para fazer com que alguém fique calmo. Uma boa prosa com amigos, um passeio contemplando a natureza. Várias são as formas de encontrar bem-estar. Mas, certamente, não é desse tipo de paz que a Bíblia fala.

A paz que as Escrituras apresentam é de um tipo bem diferente. É a paz gerada pelo consolo absoluto do Espírito Santo no coração crente. Foi essa a paz que Davi evocou (Sl 4.8, NTLH) e que só pode ser sentida por aqueles que tiveram o coração transformado pela graça soberana do Senhor, pois experimentam a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). Sem essa experiência vital de transformação, é impossível viver a paz genuína. A certeza da fé é que dá ao coração crente a segurança de enfrentar quaisquer situações. É assim, por exemplo, que lemos em Hebreus 11.32-38, quando o escritor bíblico narra as experiências de sofrimento dos servos de Deus que entregaram a própria vida por amor ao evangelho: “homens dos quais o mundo não era digno” (11.38). Eles foram torturados, cerrados ao meio, apedrejados, mortos. Certamente, esta não era uma situação comum de paz, mas a Bíblia diz que eles passaram por essas experiências “pela fé”; e “a fé é a certeza de coisas que não se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb 11.1). É esta certeza que produz a paz genuína no coração dos crentes.

II. A paz provém de Deus
Paulo afirmou: “O próprio Senhor da paz lhes dê a paz…”. A primeira característica da paz genuína é que ela é originada no próprio Deus, sendo um dos aspectos do fruto do Espírito. Tornar as circunstâncias pacificadas é um atributo de Deus. Na verdade, Deus vive em perfeita paz. Ele não se estressa, não sente medo, não tem dúvidas sobre quaisquer situações, não se abala diante de notícias ruins. Tudo isso porque ele é o Senhor. Ele é o dono da história, nada frustra seus planos eternos. Ele não apenas tem o controle de tudo, como escreve cada segundo de nossas existências.

Pelo fato de Deus ser onisciente e onipotente, nada pode alterar o curso de suas emoções, e nenhuma consequência do pecado humano pode modificar sua estrutura. Ele segue sendo Deus e Senhor do Universo, ainda que nós, aqui, continuemos a ver as coisas de modo diferente e nos sintamos, quase sempre, desnorteados.

III. A paz é um presente de Deus
Outra característica que Paulo apresenta é a de que a paz é um dom, um presente de Deus para nós. Nosso Senhor Jesus, ao anunciar aos discípulos sua ida para os céus, afirmou claramente que deixaria com eles, e com todos nós, a verdadeira paz que só ele pode dar (Jo 14.27).

A paz que o Senhor proporciona é algo extraordinário. Nenhum de nós pode promover a paz por si mesmo. Se o Senhor não derramar sobre nós sua perfeita paz, permaneceremos perdidos e desesperados no mundo. O homem ímpio é aquele cuja paz está ausente (Rm 3.17). Somente aqueles que são presenteados pelo Senhor podem desfrutar da “paz que excede todo entendimento” (Fp 4.7).

IV. A paz está sempre presente
Paulo afirma que o Senhor dará de sua paz “continuamente”, o que significa dizer que ele jamais deixará de oferecer a todos quanto o buscarem a satisfação e a segurança plenas que ocupam o coração pacificado pela paz perfeita de Deus.

Mas você pode estar se perguntando: Se a paz é contínua, por que muitas vezes eu me sinto sozinho, com medo das circunstâncias, inseguro e tenso. Sua pergunta faz sentido. Isso ocorre, no entanto o problema não está em Deus, está em nós mesmos. Nós interrompemos o fluxo natural da paz originada no Senhor. Somos os principais responsáveis pelos atropelos do dia a dia e, desse modo, anulamos os momentos de paz que poderíamos usufruir no Senhor. Trazemos para dentro de nossa alma perturbações, dúvidas, sentimentos de incompetência, tudo porque nosso pecado nos afasta da fonte pacífica, que é Deus.

Em alguns casos, até mesmo sem perceber, deixamos que o pecado nos inocule o veneno da desconfiança e do desespero. Perdemos a paz. Achamos que não há mais saída para a situação na qual mergulhamos. Às vezes, o problema nem é tão ameaçador assim; mas, em razão de estarmos tão afetados pelo momento, nós nos sentimos tão inúteis e sem esperança: doenças, finanças em perigo, perda de valores na família, várias são as situações ameaçadoras. Por que os cristãos genuínos encaram situações assim como se elas não existissem? Será que eles são insensíveis à vida, frios, desumanos ou tentam esconder o problema?

Todavia, podemos retornar à fonte. O caminho é reconhecer que só em Deus está a suficiência da paz (cf. Sl 42.11). A certeza inabalável de que Deus é presente em nossa vida nos dá a segurança eficaz de que sua paz nos consolará. Não importa por quais problemas passemos, importa que estejamos seguros da presença pacificadora do Senhor, Deus da paz.

V. A paz não se sujeita a circunstâncias

Paulo afirmou: “… em todas as circunstâncias”. Repare: todas as circunstâncias. Olhamos ao redor e vemos como as pessoas se perturbam e como nós mesmos nos atribulamos. Então, como podemos acreditar que a paz do Senhor está sempre conosco?

Crer nas palavras do Senhor é o meio mais seguro para experimentar suas verdades. Se a Palavra de Deus está dizendo que é assim, assim será. Portanto, se não estamos experimentando essa verdade, é bom fazermos uma autoavaliação para verificar em que aspecto estamos enganados. Certamente, estamos.

A paz que o Senhor nos oferece é plena e, portanto, não se sujeita a situações cotidianas. Na verdade, é exatamente o contrário: as situações é que devem ser pensadas a partir do sentimento pleno de paz, que é dada por Deus. Não podemos nos deixar levar pelas alterações momentâneas de nossas emoções, nem pelas modificações causadas pelos nossos afetos. Como já dissemos, nós mesmos alteramos nossos afetos. Se algo ruim nos acontece de repente, não conseguimos parar, refletir e meditar na grandeza do cuidado de Deus por nós. A Bíblia diz “peca quem é precipitado”. O precipitado é aquele que age antes de refletir. Também é aquele que age segundo as circunstâncias do momento. São casuístas ou pragmáticos, ou seja, tentam apenas resolver os problemas do momento, e do modo mais prático. Nem sempre esse é o melhor caminho. Há problemas que precisam ser ponderados com cuidado, pois sua complexidade exige respostas mais profundas. Assim, é preciso paz para poder pensar e agir corretamente.

VI. A paz é o caminho para a unidade

Se observarmos a intenção de Paulo em 2Tessalonicenses 3.16, veremos que o apóstolo estava orando em favor daqueles irmãos. O desejo de que eles vivessem em paz era um pedido de Paulo ao próprio Deus: “Ora, o Senhor da paz, ele mesmo, vos dê…”. Como vimos, Deus é a origem da paz genuína. Paulo tinha essa preocupação porque ele sabia que, para viver em unidade, principalmente na igreja, um grupo tão heterogêneo, é necessário que haja o concurso da paz.

Pensando nessa carência de unidade, Paulo escreveu aos colossenses: “Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos” (3.15). A tendência do coração humano é a guerra. O pecado é causador da guerra, e se não nos esforçarmos, dificilmente alcançaremos a paz com nossos irmãos em Cristo, na igreja, mas viveremos mordendo uns aos outros (Gl 5.15). Portanto, é necessário que busquemos a paz que vem de Deus e que excede todo entendimento.

Conclusão

Quando a paz parece distante, lembre-se de que ela tem sua origem em Deus, é um presente dele para você, estará sempre presente quando precisar e não se sujeita a circunstâncias. Esta paz faz parte da vida daqueles que foram transformados pela graça de Deus e descansam nele, sendo manifestada porque eles experimentam, bem de perto, o preenchimento espiritual que afasta toda dúvida e faz reinar no coração a calmaria do Espírito Santo.

Aplicação

Pense nos momentos em que você pode experimentar a presença pacificadora do Senhor e compartilhe com seus irmãos na sala de aula. Lembre de uma situação em que você precisou ser pacífico e conte como fez isso acontecer. Estabeleça um alvo para que você possa exercer a paz, mediando conflitos. Talvez tenha alguém na sua igreja, ou em sua família, que não esteja falando com outro irmão. Pense na possibilidade de ajudá-lo a restabelecer a amizade.

>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, na série Expressão – Vencendo a Ansiedade. Usado com permissão.

 

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15 Comentários para “Cultivando a paz em nosso coração”

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