Natal: o dia em que o céu invadiu a história

Natal: o dia em que o céu invadiu a história

Texto básico: Lucas 2.1-20

Textos de apoio:
Isaías 9.1-6
Isaías 11.1-5
Isaías 42.1-9
Lucas 1.26-38
Mateus 1.18-25
1 João 4.7-16

Introdução

Natal é tempo de encontro, confraternização e troca de presentes. E, por trás disso tudo, muita correria, preparativos estressantes e filas. Consumo de tempo e de recursos. Muito consumo.

É evidente que algo se perdeu no caminho. Uma data que deveria apontar para um evento extraordinário e sagrado, uma intervenção inimaginável de Deus na história humana, uma invasão celestial da eternidade em nossa realidade temporal, acabou tendo o seu significado esvaziado e dessacralizado pelo nosso consumismo e nossa falta de consideração à pessoa de Deus.

É possível, e muito necessário, recuperarmos o significado do Natal, e recolocá-lo no lugar de honra em nossas celebrações e reuniões em família. É preciso reler e recontar a história daquele primeiro Natal: “O mais remoto Natal. Celebrado numa estrebaria e não numa catedral. Celebrado de noite e não de dia. Celebrado com vozes angelicais e não com vozes humanas. Celebrado com a glorificação e o louvor do nome de Deus e não com cenas profanas” (Elben M. Lenz César)¹.

O evangelista Lucas resolveu nos contar a história do nascimento de Jesus, entrelaçando magistralmente três narrativas: sobre o recenseamento imperial, sobre o nascimento de Jesus e sobre o anúncio do nascimento aos pastores; nos fazendo perceber, assim, que este nascimento, num recanto insignificante da Palestina, tem um significado decisivo para o mundo inteiro.

Vamos (re)visitar esta história e seu significado para nós hoje?

Para entender o que a Bíblia fala

1. Da mesma forma como em outros eventos significativos, Lucas nos fornece um breve contexto histórico do nascimento de Jesus (vv. 1-4). Por que isso seria importante para os leitores de sua narrativa? Você percebe aqui uma “intenção teológica” de Lucas? Ou seja, qual é a “história por trás da história” segundo a visão de Lucas?

2. Nos vv. 5-7 Lucas nos fornece somente alguns detalhes sobre as circunstâncias do nascimento de Jesus. Mesmo assim, quais são as impressões ou sentimentos que eles provocam em você? Novamente, há algum desejo “teológico” (compreensão da ação de Deus na história) por parte de Lucas?

3. A presença de pastores nos cartões de Natal costuma provocar em nós uma sensação agradável. Mas, como nos lembra John Stott, “pastores não gozavam de boa reputação em Israel e eram vistos como pessoas desonestas e pouco confiáveis”². Então, como a mensagem dos anjos poderia soar inacreditável para aqueles pastores (vv. 8-14)?

4. Qual foi a reação dos pastores após receberem aquela notícia? Como aquela mensagem impactou a vida deles? (Note os verbos que aparecem nos versos 16, 17 e 20).

5. No v. 11, Lucas se refere a Jesus utilizando três termos que, no contexto greco-romano de seus leitores, fossem eles judeus ou gentios, trariam forte repercussão. Por que isso ocorreria? Quem as pessoas costumavam associar à ideia de “salvação” e “senhorio”?

6. Os presentes na estrebaria ficaram “muito admirados” com o relato dos pastores (v. 18). Mas, diz o texto, Maria apresentava um comportamento diferente (v. 19). O que isso nos revela sobre o caráter e a espiritualidade de Maria? O que podemos aprender com ela aqui?

Para pensar

“O nascimento de Cristo foi um momento glorioso, um momento em que o céu e a terra de tocam, em que Deus e o homem se encontram na criança de Belém.(…) O Natal é um convite à adoração, é a lembrança de que Deus veio até nós, viveu entre nós, abriu mão da glória de sua majestade para nos revelar em Cristo Jesus a verdadeira humanidade.” (Ricardo Barbosa)³

“Aqui aparece pela primeira vez a palavra ‘hoje’. Lucas irá usá-la sete vezes no seu evangelho. Aquilo que outrora aconteceu acontece para nós hoje, ao lermos a história de Lucas. É ‘hoje’ que participamos do drama que Lucas nos descreve. Somos os espectadores daquilo que, em palavras, está sendo pintado diante dos nossos olhos. E enquanto assistimos unimo-nos àquilo que contemplamos na nossa frente. Tornamo-nos testemunhas oculares do acontecido, espectadores do drama divino, quando as palavras nos são anunciadas na liturgia e quando, na liturgia, nos tornamos atores dos acontecimentos, a fim de que, contemplando e representando, sejamos transformados e voltemos para casa transformados.” (Anselm Grun)⁴

“E agora, José?”

1. “Tanto os pastores como Maria são exemplos para a fé com a qual devemos corresponder à visita de Deus aos homens pelo nascimento de Jesus” (Anselm Grun). Como esses dois “modelos de fé” poderiam ser aplicados à sua vida cotidiana?

2. Pensando neste período especial do ano, nas reuniões em família e entre amigos, que ações práticas você poderia apresentar ou sugerir para enriquecer este momento em que “o céu e a terra se tocam”?

Eu e Deus

“A minha alma anuncia a grandeza do Senhor.
O meu espírito está alegre por causa de Deus, o meu Salvador.
Pois ele lembrou de mim, sua humilde serva!
De agora em diante todos vão me chamar de mulher abençoada,
porque o Deus Poderoso fez grandes coisas por mim.
O seu nome é santo, e ele mostra a sua bondade
a todos os que o temem em todas as gerações.
Deus levanta a sua mão poderosa e derrota os orgulhosos
com todos os planos deles.
Derruba dos seus tronos reis poderosos
e põe os humildes em altas posições.
Dá fartura aos que têm fome
e manda os ricos embora com as mãos vazias.
Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados
e ajudou o povo de Israel, seu servo.
Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão
e a todos os seus descendentes, para sempre.” (Lucas 1.47-55, NTLH)

(Como nos lembra John Stott, pelo menos desde o século VI a igreja cristã tem apreciado e incluído o cântico de Maria – “Magnificat” – em suas liturgias, pois “há vários séculos que a experiência de Maria, apesar de ter sido uma experiência única, tem sido reconhecida como a experiência típica de todo cristão.”⁵)

Notas

1. E-book grátis Era uma Vez um Natal sem Papai Noel.

2, 5. John Stott. A Bíblia Toda, o Ano Todo, Editora Ultimato.

3. Ricardo Barbosa. Refeições diárias: celebrando a reconciliação, Editora Ultimato.

4. Anselm Grun. Jesus: modelo do ser humano, Edições Loyola.

Autor do Estudo: Reinaldo Percinoto Júnior

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