A hipocrisia generalizada não dura para sempre. Um dia ela desmorona.

Você há de convir que ser santo em casa é muito difícil. Na rua é mais fácil, no trabalho é mais fácil, na sociedade é mais fácil, na igreja é mais fácil.

O problema é em casa, ao abrigo da multidão, ao abrigo da crítica e da fofoca, ao abrigo dos catadores de escândalos. Na presença dos outros é mais fácil. O problema é na presença da família.

Em casa e no aconchego do lar tudo é reservado. Você não precisa cuidar da aparência, você não precisa cobrir com verniz o que é e o que está feio, você não precisa esconder o verdadeiro caráter. Na rua é diferente. Você precisar ser igual aos outros, sepulcro caiado de branco, bonito por fora e bem cheiroso. Em casa o sepulcro pode ficar aberto e deixar à mostra todo tipo de imundície e o mau cheiro. Sob os holofotes é muito cômodo dar um beijo carinhoso na esposa e apertar carinhosamente o nó da gravata do marido. Na rua você é o que não é em casa e em casa você é o que não é na rua. É o problema da dupla personalidade: uma falsa e outra verdadeira, uma para você mostrar e outra para você viver. É o problema do prato limpo por fora, mas cheio de porcaria por dentro (Mt 23.25).

Antes de ser um cavalheiro fora de casa, você tem de ser um cavalheiro dentro de casa. O que vale não é o que você mostra, mas o que você é. Porque cedo ou tarde os outros saberão quem você é e você saberá quem os outros são. A hipocrisia generalizada não dura para sempre. Um dia ela desmorona.

Você precisa descobrir que o Senhor não vê a aparência, mas o coração (1 Sm 16.7). Já que é assim, é necessário que você tome a decisão do salmista: “Em minha casa viverei de coração íntegro” (Sl 101.2). A santidade que conta é a santidade dentro de quatro paredes e a santidade do outro lado das quatro paredes. Primeiro a santidade privada, depois a santidade pública!

 

Texto originalmente publicado na edição 285 de Ultimato.

 

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