É isso mesmo! De hoje em diante, vou olhar primeiro para cima, depois para baixo; primeiro para o Criador, depois para a criatura; primeiro para o Santo, depois para o pecador. Se eu seguir esta ordem, vou me abater menos, vou ter mais coragem, mais esperança, mais amor.

Depois de olhar para baixo, tornarei a olhar para cima, para o Criador, para o Santo. Preciso fazer ambos os exercícios: olhar para cima e olhar para baixo, olhar para baixo e olhar para cima. Um rodízio perfeito e permanente.

Quando eu olho para cima, mato a minha sede, mato a minha fome. Quando eu olho para baixo, mato a sede dos outros, mato a fome dos outros. Se não olhar para cima, não mato nem a minha fome nem a fome alheia. Olhar só para cima é egoísmo; olhar só para baixo é suicídio.

Estou aprendendo com Ezequiel a arte de olhar para cima antes de olhar para baixo. O profeta frequentemente via a glória do Senhor (Ez 1.28; 3.23; 8.4; 9.3; 10.19; 11.22). Depois, ele via coisas diametralmente opostas: o ídolo, que era uma ofensa contra Deus, colocado bem perto do altar; coisas nojentas e vergonhosas que setenta líderes do povo faziam, cada um deles com um queimador de incenso na mão, numa câmara secreta do templo; mulheres chorando a morte de um deus chamado Tamuz no portão norte da Casa de Deus; e 25 homens de costas para o templo e curvados até o chão, prestando culto ao sol nascente (Ez 8.14-16). Sem olhar para cima antes e depois de ver tudo isso, não há profeta nem cristão que sobreviva emocionalmente. Para não desmaiar, para não desanimar, para não desistir, Ezequiel precisava compensar aquelas loucuras com a glória de Deus.

Antes de ser obrigado a olhar para baixo, tenho de olhar para cima. Olhar para cima não é algo misterioso ou complexo. É enxergar a Jesus, que está sentado ao lado direito de Deus; é ler a Palavra de Deus (lectio divina) devagar, com humildade e intimidade; é extravasar a alma em oração diante do trono; é olhar para trás e ver quanto Deus já fez e olhar para frente e ver quanto ainda fará; é direcionar a fé para o transcendente.

Olhar para baixo significa enxergar o pecado, a injustiça, o egocentrismo, o consumismo, a corrupção, as guerras, as obras da carne, a hipocrisia, a maldade, o ódio, a loucura, a incredulidade, a violência, o caos, a poluição, a morte, as potestades do ar. Fechar os olhos a essas coisas é fugir da realidade.

Não tenho a menor dúvida. Com a ajuda de Deus, de hoje em diante, não vou deixar de olhar nem para cima nem para baixo. Primeiro para cima, depois para baixo, depois outra vez para cima!

Trecho retirado de De Hoje em Diante. Editora Ultimato.

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