O pastor Elben Magalhães Lenz César morreu na madrugada do dia 6 de outubro de 2016, no Hospital Madre Tereza, em Belo Horizonte, MG, aos 86 anos. Ele foi vítima de uma parada cardíaca, resultado das complicações clínicas enfrentadas ao longo de 29 dias de internação, após uma queda em casa. Casado com Djanira Momesso César, era pai de cinco filhas, avô de dez netos e bisavô de quatro bisnetos.

Elben César não antecipou seu obituário, e fazer sua “Personalia” – seção que ele escreveu por algumas décadas – é um desafio. Ele nasceu em Campos dos Goytacases, RJ, em 1930, filho e neto de pastores, e o primeiro de quatro irmãos também pastores e duas irmãs missionárias. Estudou no antigo Seminário da Pedra, no Rio de Janeiro, e foi ordenado no mesmo ano em que se casou, 1957.

Sua primeira incursão pelo jornalismo aconteceu em 1960, em São Paulo, a convite do jornal oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil – Brasil Presbiteriano – quando, depois de um longo trabalho de pesquisa, escreveu sobre a história dos jornais e revistas evangélicos da época, quase todos nascidos no século 19. Ali nasceu a ideia da criação de um jornal não apenas para a comunidade evangélica, mas também para não cristãos, ou seja, um periódico não denominacional. Depois de alguns anos orando e muitas idas e vindas de cartas para amigos e personalidades da igreja brasileira da época, veio a lume a primeira edição do então jornal Ultimato, em janeiro de 1968, em Barbacena, MG.

Além do período em São Paulo, trabalhando com plantação de igrejas, o pastor Elben serviu como missionário na Zona da Mata de Minas Gerais, Campinas, SP, e Porto Alegre, RS, entre 1955 e 1970, e com ele carregava o seu jornal, que se tornaria revista em 1975.

De volta a Minas Gerais, exerceu por longos anos o pastorado da Igreja Presbiteriana de Viçosa, da qual era pastor emérito. Fundador do Centro Evangélico de Missões (1983) e da organização não governamental Rebusca – Ação Social Evangélica Viçosense (1981) –, foi também vice-presidente da TWMA, sigla em inglês para Associação de Missões para o Terceiro Mundo, na década de 1990. Era conhecido como professor de “práticas devocionais”, não apenas por seus alunos ou ovelhas, mas também por sua insistente ênfase – escrita ou verbal – nas disciplinas espirituais.

Acompanhou de perto, nos últimos cinquenta anos, os ventos de mudança na igreja protestante e também na igreja católica em várias partes do mundo. Em janeiro de 2017, a revista Ultimato completa 49 anos de publicação ininterrupta, com 363 edições. Elben César esteve presente e publicou matérias sobre os mais diferentes encontros nacionais e internacionais, foi companheiro de fundação ou de caminhada de várias organizações paraeclesiásticas que, há não muito tempo, eram pouco recomendadas nas igrejas evangélicas.

Raramente assinou algum artigo da revista – apenas em casos de declarações especiais ou ainda com o pseudônimo de Mineiro com Cara de Matuto –, embora tenha mantido sob sua responsabilidade pouco mais de um terço do conteúdo publicado.

Publicou mais de vinte livros, sendo o primeiro Deixem que Elas Mesmas Falem, em 1993. Sua veia de pesquisador e gosto por história o levaram a escrever também algumas biografias e livros a partir dessa temática, como História da Evangelização do Brasil e uma biografia de Lutero e outra de Calvino, entre outras. Uma boa parte dos seus livros são devocionais – por exemplo, Práticas Devocionais, o mais lido, e os devocionários da série Refeições Diárias.

Mantinha um diálogo aberto e respeitoso com líderes da Igreja Católica e com padres casados, sem abrir mão das doutrinas evangélicas. Era também um ardoroso promotor da unidade.

Elben nunca usou computador. Para os familiares, seu maior salto “tecnológico” foi substituir o lápis pela lapiseira.

• Marcos Bontempo

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