Não se pode falar só sobre perdão. O perdão torna-se necessário por causa do pecado. Há pessoas que precisam muito de perdão e não o sabem. Porque perderam a noção de pecado e não têm convicção de pecado.

Talvez não houvesse pecado se não houvesse lei. Mas a lei existe. É a lei de Deus. Portanto, qualquer desconhecimento ou desrespeito a essa lei chama-se de pecado. Poderia chamar-se de infração ou crime ou de qualquer outra palavra. Todavia, por se tratar de uma desobediência à lei de Deus, a palavra mais própria é pecado. É uma palavra técnica, profundamente religiosa, usada primeiramente nas Escrituras Sagradas e, depois, na Teologia e na literatura religiosa.

Por essa razão, os catecismos e as confissões de fé cristãs relacionam o pecado com a lei de Deus.

Catecismo Menor de Martinho Lutero (1483-1517):
Pecado é qualquer desvio da norma da Lei divina.

Catecismo Menor redigido pela Assembleia de Westminster, em Londres, de 1643 a 1649, até hoje usado pelas Igrejas Reformadas, que contém a mais conhecida e apreciada definição:
Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus ou qualquer transgressão dessa lei.

Primeiro Catecismo de Doutrina Cristã, preparado pelo Arcebispo Metropolitano do Rio de Janeiro e bispos da província meridional do Brasil, no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em 1903:
Pecado é uma desobediência voluntária à lei de Deus.

Catecismo Metodista, compilado por A. M. Ungaretti, no início do século (a 2a. edição é de 1926), que fica apenas com a metade da declaração de Westminster:
Pecado é qualquer transgressão da lei de Deus.

Novo Catecismo da Igreja Católica, colocado em perguntas e respostas por Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, arcebispo de Maceió, em 1993, que repete Santo Agostinho:
Pecado é uma palavra, um ato ou um desejo, contrários à lei eterna.

Segunda Confissão Helvética:
Por pecado entendemos a corrupção inata do homem, que se comunicou ou propagou de nossos primeiros pais a todos nós, pela qual nós — mergulhados em más concupiscências, avessos a todo o bem, inclinados a todo o mal, cheios de toda impiedade, de descrenças, de desprezo e de ódio a Deus — nada de bom podemos fazer, e, até, nem ao menos podemos pensar por nós mesmos. Além disso, à medida que passam os anos, por pensamentos, palavras e obras más, contrárias à lei de Deus, produzimos frutos corrompidos, dignos de uma árvore má.

Confissão Escocesa:
Pecado são os atos contrários à vontade de Deus expressa em sua lei, contra Deus e contra o próximo.

Departamento de Educação Religiosa da Igreja Episcopal:
Pecado é como uma doença que está no sangue e que se manifesta aqui e ali em feridas pelo corpo. Por trás de todos os nossos atos pecaminosos está esta infecção interior.

Centro Informativo Católico:
Pecado é antes de tudo falta de cortesia para com o imenso amor de Deus.

Billy Graham:
Pecado não é apenas o uso do que é corrupto, mas muitas vezes o mau uso daquilo que é puro e bom.

Cláudio Rondello:
Pecado é a traça que nos come por dentro.

Apóstolo Paulo:
Aquilo que não tem base na fé é pecado.

Júlio Andrade Ferreira:
A desgraça do pecado é que o homem, de interlocutor de Deus, passou a competidor.

David Wilkerson:
Pecado é a recusa de se viver sabiamente ou de ajustar a vida às verdades da Palavra de Deus. Pecado não é apenas fraqueza, mas um estado de rebelião. Você peca não porque não tenha compreensão das coisas, mas porque se recusa a reconhecer suas nítidas obrigações para com Deus e com os homens.

Plínio Salgado:
Pecado é a subversão da ordem estabelecida por Deus.

Gorgônio Barbosa Alves:
O homem carrega sobre seus ombros um fardo pesado. Ele sabe que leva esse peso. Algumas vezes deseja libertar-se, tenta lançá-lo fora, mas não tem condições. O fardo continua ligado ao seu corpo, bem seguro, como se já fizesse parte de sua natureza. O nome desse fardo é pecado. Isto não é produto da imaginação, não é literatura nem ficção. Pecado é realidade universal.

Salomão:
O pecado é o opróbrio dos povos.

Emil Brunner:
O pecado não é outra coisa do que a presunção de que poderíamos viver sem Deus. Esse pensamento “posso sem Deus, sou meu próprio senhor” é veneno na fonte da vida humana. Dali tudo se contamina. “Ser como Deus” não quer dizer que se afirme a sua própria divindade; antes significa que se cobiça a independência de Deus. Ser independente, livre do Criador, é ser ateu, é ser mau. Todos os mandamentos combatem exatamente isso.

Texto originalmente publicado na edição 253 de Ultimato.
  1. Faltou Karl Barth, que escreveu extensamente sobre o assunto em sua CHURCH DOGMATICS (Dogmática Cristã), com o título de “The Sloth and Misery of Man” (a preguiça e miséria do homem), Vol. IV.2, p. 378-498.

    Pecado, além de tradições definições, como ‘perder o alvo’, tem aquela forma supostamente sofisticada como quando comparamos nossa bondade moral com a do Fariseu e outros, e decidimos que estamos acima da média dos homens (Lucas 18:9-14) tomando-o como referência negativa daquilo que agora positivamente somos. Pecado, penso que diria Barth, e eu acho que estou certo aqui em entende-lo neste ponto, é achar que o vilão é o outro porque eu, como ‘nova criatura’ em Cristo, estou agora acima da média.

  2. Calebe Penteado Freitas

    Penso que uma definição para os tempos pós modernos em que vivemos hoje seja, à luz do Éden, pecado é o desejo natural (estado natural) de não relacionar-se intimamente e individualmente com o Criador, por meio de Cristo, entregando-se aos instintos do coração. Não desfrutar de uma caminhada redentiva de amizade com o Eterno, ou simplismente, viver sob a ótica dá religiosidade!

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