O grande milagre

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O milagre central sustentado pelos cristãos é a encarnação. Eles dizem que Deus se fez homem. Todos os outros milagres conduzem a esse, ou o exibem, ou resultam dele. Assim como todo evento natural é a manifestação do caráter total da natureza em um lugar e em um momento específicos, todo milagre cristão é a manifestação do caráter e do significado da encarnação em lugares e momentos específicos. No cristianismo não há possibilidade
de interferências arbitrárias simplesmente espalhadas por aí. Não se trata de uma série de rápidas e desconexas incursões na natureza, mas de vários passos de uma invasão estrategicamente coerente — uma invasão que busca a conquista e a ocupação completa. A adequação e, portanto, a credibilidade dos milagres dependem da relação deles com o milagre central; toda discussão sobre eles de forma isolada é fútil.
A adequação ou credibilidade do grande milagre em si não pode, obviamente, ser julgada pelo mesmo padrão. E deixe-nos admitir de uma vez que é muito difícil encontrar um padrão pelo qual ele possa ser julgado.
Se a encarnação aconteceu, foi o evento central na história da terra — é o evento em torno do qual toda história gira. […] É mais fácil argumentar, no campo histórico, que a encarnação realmente ocorreu, do que mostrar, no campo filosófico, a probabilidade da sua ocorrência. A dificuldade histórica em dar uma explicação para a vida, para os pronunciamentos e as influências de Jesus, que não seja mais dura do que a explicação cristã, é muito notável.
A discrepância entre a profundidade, a sanidade e (deixe-me acrescentar) a astúcia do ensino moral de Jesus e a megalomania descontrolada que estaria por trás do seu ensino teológico se ele não fosse de fato Deus, nunca foi satisfatoriamente superada.
>> Retirado de Um Ano com C. S. Lewis, Editora Ultimato.

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Um comentário para “O grande milagre”

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