Texto de Adair Lara (premiada escritora norte-americana, tendo artigos escritos em colunas de diversas revistas de circulação nacional nos USA)

Acabo de perceber que, enquanto crianças representam cães – leais e afetuosos – , adolescentes são gatos. É fácil ser dono de um cachorro. Você o alimenta, treina-o e manda nele. O cachorro apoia a cabeça no seu joelho e fica olhando como se você fosse um quadro de Rembrandt. Corre com entusiasmo quando chamado.

Por volta dos 13 anos, seu adorável cachorrinho vira um grande gato velho. Quando chamado para entrar, ele parece surpreso, como se perguntasse quem morreu e nomeou você imperador. Em vez de acompanhar seus passos, ele desaparece. Você só o verá novamente quando estiver com fome. Nesse momento, interromperá a corrida através da cozinha durante tempo suficiente para farejar o que você está oferecendo. Quando estende a mão para acariciar-lhe a cabeça, naquele antigo gesto afetuoso, ele se afasta com um tranco e oferece um olhar gelado, como se estivesse tentando lembrar onde já o viu antes.

Você, sem perceber que o cachorro agora é um gato, pensa que algo deve estar desesperadamente errado com ele. Parece tão anti-social, tão distante, talvez deprimido. Recusa-se a comparecer às reuniões familiares.

Como foi você que o criou, ensinou-o a buscar o graveto, ficar parado e sentar-se ao ouvir o comando, supõe que fez algo errado. Afogado em culpa e medo, redobra esforços para fazer seu bichinho se comportar.

Agora você está lidando com um gato e, portanto, tudo o que funcionava antes produz o resultado oposto. Chame-o e ele fugirá. Diga-lhe que fique sentado, e ele pulará para o balcão. Quanto mais se aproximar dele, torcendo as mãos, mais ele se afastará.

Em vez de continuar a agir como dono de cachorro, você precisa aprender a se comportar como dono de um gato. Ponha o prato de comida próximo à porta e deixe que ele volte para você. Mas não se esqueça de que um gato também precisa de amor e de afeição. Sente-se imóvel e ele virá, procurando o colo aquecido e confortável do qual não se esqueceu completamente. Esteja lá para abrir a porta.

Algum dia, seu filho crescido entrará na cozinha e lhe dará um beijo. Dirá: “Você ficou em pé o dia inteiro! Deixe-me lavar estes pratos.” Perceberá, então, que seu gato voltou a ser um cãozinho.

  1. Embora eu seja psicóloga clínica não vou discorrer sobre adolescência ou infância desta vez. O meu ponto agora é sobre o preconceito da autora contra os gatos. Ela parece demonstrar total desconhecimento do comportamento deste animal quando insinua que o mesmo só está interessado na comida que o dono lhe oferece e que o mesmo não se importa com o dono. Eu convivo com gatos desde criança e tenho muitos amigos que também têm gatos. O curioso é que nenhuma dessas pessoas têm esse tipo de vivência com seus gatos. De fato eles prezam mais a liberdade sim, mas daí a praticamente afirmar que não estão nem aí com seus donos é uma afirmação quase criminosa, pois com base neste preconceito a história nos mostra que os gatos são alvos de maus-tratos, desprezo, mentiras (transmitem asma, bronquite) e outros absurdos que só fazem prejudicar os animais. Sra. Lara a senhora pode ter sido premiada ou coisa e tal, mas seu artigo me deixou uma péssima impressão. Acho que Ultimato deve ponderar melhor ao publicar este tipo de artigo. Lembro que no Livro de Gênesis Deus incumbe o Homem de cuidar do jardim, de sua criação. Parece que o texto desta senhora está bem longe disso.

    • olá. Simone. Minha querida não se irrite tanto por conta da comparação com “GATO”-
      Eu, particularmente, sempre tive muita facilidade em cativar os gatos (qdo criança apareciam no meu quintal, agradava-os e, em consequência, eles ficavam, abandonando seus antigos lares). Tive um gato de estimação que eu cuidava como se fosse um bebezinho, enrolava-o numa manta, levava para passear em carrinho de boneca e, ele aceitava tranquilamente. Entretanto, não posso colocar uma uma venda nos olhos para não perceber que são individualistas, temperamentais, tudo tem que ser no tempo deles, não no nosso, essa é a diferença. Trata-se de extinto, está no cerne do próprio aninal. Acho que vc “fez uma tempestade num copo d’agua”. Embora não seja psicolóloga, a meu ver, o mais importante, é o conteúdo do tema principal. Um abraço

  2. Que texto interessante, tenho três filhos 21, 20 e 11 anos. Passei exatamente por este momento com os filhos maiores, hoje estamos vivendo esta terceira fase de voltar a ser o cãozinho. Fico mais tranquila para atravessar esta fase do gato com o terceiro filho. Acreditando que o AMOR vence tudo. Parabéns.

  3. Ótimo texto! Comparação perfeita! Hoje, com uma filha de 12 anos, sei muito bem a dificuldade que autora relata. Só sei que, independente das dificuldades que estamos passando, não podemos, jamais, desistir de nossos filhos.
    Mais uma vez, parabéns pelo texto!

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