Cartoon Crowd Links, Layered System Close-UpNo final de 2013, decidi gravar um novo um novo CD. Tinha escolhido o repertório, tinha a banda já ensaiada, alguns arranjos prontos. Faltavam-me basicamente os recursos financeiros para a gravação. Foi quando me lembrei que há alguns anos atrás uma amigo me apresentou o crowdfunding.

Mas o que vem a ser isso? Crowd – multidão; funding – financiamento. Em outras palavras, um financiamento coletivo onde as pessoas investem em seu projeto que, depois de pronto, é oferecido como recompensa aos “investidores”. Uma fantástica invenção dos tempos da internet.

O financiamento coletivo tem sido a saída para muitos artistas que desejam divulgar sua arte, mas que não encontram respaldo do governo ou de empresas investidoras. Via de regra, quem consegue esses apoios são os nomes já consagrados ou aqueles que contam com a grande mídia. O crowdfunding acaba tornando mais democrático o acesso aos financiamentos por meios não tradicionais. Como exemplo, cito o que um dos sites especializados nesse ramo publicou nas redes sociais recentemente: “Completamos 13 milhões de reais arrecadados para mais de 850 projetos! Enquanto a Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro repassou 13 milhões para 5 grupos.”

Os crowdfundings surgiram inicialmente nos EUA, mas rapidamente se espalharam pelo mundo. São vários os sites brasileiros na atualidade que oferecem meios e ferramentas para que o financiamento coletivo aconteça. Basta pesquisar um pouquinho o logo você descobre. Eu optei em fazer o meu projeto pelo Catarse.

Graças a Deus, o projeto foi escrito, aprovado, entrou no ar e conseguimos concluí-lo com sucesso (veja aqui). Levantamos toda a grana e no momento estamos trabalhando na pós-produção do CD. Já gravamos as músicas. Agora, enquanto são mixadas e masterizadas, estamos correndo atrás da capa, dos registros, das demais recompensas que serão oferecidas aos apoiadores (camiseta, show, nomes no site etc).

Com o sucesso do nosso projeto, várias pessoas me perguntaram como foi a minha experiência. Essa foi a razão que me levou a escrever esse texto trazendo algumas dicas aos interessados em emplacar também seus projetos num crowdfunding. Compartilho alguns aprendizados logo abaixo:

  1. O financiamento coletivo é uma prova de fogo, pois mede o alcance do seu trabalho. De certa forma o artista se expõe. Acaba tendo uma visão de até onde sua arte chegou, o tipo de público que atinge. Para muitos revela maravilhosas surpresas, mas pode-se correr o risco da decepção;
  2. O envolvimento num projeto assim demanda tempo, dedicação e criatividade. Cada vez mais surgem projetos de crowdfunding. A tendência é de todos os projetos, com o tempo, caírem numa vala comum, numa mesmice, terem o mesmo jeitão, não apresentando nada de novo e relevante. Para fugir desse perigoso erro será necessário um grande esforço criativo que fortalecerá ainda mais o novo trabalho e a identidade do artista. Agora, uma coisa é certa. O artista precisará dedicar pelo menos cerca de duas horas diariamente para fazer contatos, alimentar as redes sociais, trabalhar novas artes e mídias etc. Não dá para lançar o projeto e deixá-lo ali sozinho, fazendo o serviço;
  3. Comece seu trabalho de divulgação pelos contatos mais próximos. Assim que lançar o projeto, foque inicialmente os familiares, os amigos e naqueles que são o apoio, a base do seu trabalho – seus grandes incentivadores. Tem que ter a “cara de pau” de pedir a colaboração dos chegados. Eu utilizei o e-mail para isso, além de alguns telefonemas e contatos pessoais. Você verá que uns responderão animados, outros questionarão, outros ficarão em silêncio. Não esquente a cabeça. Tudo isso faz parte do jogo. Artista que não se expõe, não mostra seu trabalho, nunca ouvirá críticas, mas também não crescerá o quanto poderia e deveria. Esse contato é importante para avaliarmos nossa caminhada à medida que nossa arte é avaliada;
  4. Use todos os meios que tiver ao seu alcance para divulgar o projeto. Quando elaborei o “Você quer fazer o som do Carlinhos Veiga funcionar?” tive a impressão que tudo aconteceria por meio das redes sociais, especialmente o Facebook e Twitter. Mas depois, na prática, vi que é preciso utilizar todos os meios possíveis: telefonemas, conversas pessoais, e-mails, panfletagens nos shows, reportagens em jornais e revistas, entrevistas e matérias nos blogs, tvs, rádios etc. E quando concluí o projeto, descobri que muitos admiradores do trabalho ainda não haviam sido informados sobre este novo CD, apesar de todo esforço. Muitos desconhecem ainda o que seja crowdfunding e outros tantos nutrem desconfiança com projetos que envolvem finanças via internet. Ou seja, a divulgação demanda muito esforço e é preciso ir além do mero contato pelas redes sociais. Algumas pessoas desejarão contribuir pessoalmente ou através de transferências bancárias para evitar informar dados do cartão pela internet. Portanto, corra atrás…
  5. Ao utilizar as redes sociais, muito cuidado! Se por um lado você precisa botar a boca no trombone não deixando de anunciá-lo um só dia, por outro lado muito cuidado para não ser exaustivo, para não cansar seus seguidores. Encontrar o meio termo não é fácil. Uma das saídas é falar sempre a mesma coisa, mas de maneiras diferentes e criativas. Prepare muitos vídeos, fotos bem produzidas, textos interessantes, tudo isso com o fim de anunciar seu novo trabalho. Assim você reforçará a mensagem sem cansar o público e ainda por cima poderá criar uma expectativa: “o que virá da próxima vez?”. Uma das estratégias de divulgação que escolhemos foi o lançamento de um novo vídeo a cada semana, com um testemunho dos músicos participantes no CD e integrantes da banda. Outra idéia que valeu a pena foi pagar os impulsionadores de divulgação do Facebook para alcançar outros públicos com os vídeos mais importantes da campanha. Utilizando esse recurso dezenas de milhares de usuários do Face tiveram contato com o projeto. Tem um certo gasto, é verdade, mas vale a pena!
  6. Abuse da criatividade ao elaborar seus vídeos. Quanto mais interessante, maior será seu potencial de viralizar na internet. Mas use de bom senso para não se tornar apelativo, pois uma idéia errada ou mal compreendida pode botar tudo a perder;
  7. Mantenha contato com seus apoiadores à medida que o projeto avançar. Compartilhe as novidades, criando uma expectativa sobre o que virá. O silêncio poderá ser prejudicial em futuros projetos;
  8. Por fim, seja criterioso no cumprimento do que prometeu em seu projeto. Alguns investirão por quem você é. Outros, pelo que você disse que ofereceria. Assim, é importante trabalhar para entregar todas as recompensas no prazo estipulado. Não vacile! Estou nessa fase, nesse exato momento e empenhado em cumprir tudo que prometi. Leve em consideração que algumas empresas que produzirão as recompensas, as fábricas de CDs, gráficas, podem atrasar suas entregas. Assim, antecipe-se para não sofrer com esses atrasos.

No mais, você estará contribuindo para a difusão das artes em nosso país. Vale a pena, vale todo o esforço! Vamos nessa…

 

 

  1. Muito legal a experiência compartilhada por Carlinhos, mas vale lembrar que o modelo e sugestões aqui citados por ele se encaixa perfeitamente com aqueles que desejam desenvolver projetos sociais, ministeriais, entre outros.
    Tenho um amigo Missionário que esta produzindo seu segundo filme cristão (vale apena conferir o trabalho https://www.facebook.com/PonteFilmes?fref=ts) e ele também se utilizou desse sistema de levantamento de recursos.
    Além disso a equipe de Comunicação de JOCUM Brasil esta desenvolvendo um site para ajudar e facilitar aqueles que tem o desejo de levantar recursos para seus projetos cristãos. (www.mobilizabrasil.com.br)

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