Leia o relato do Congresso Regional do CONPLEI (Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas) que ocorreu em julho no Amazonas. Os autores trabalham com a pequena igreja indígena que recepcionou o evento.

Por André e Marcelle Aureliano

E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Atos 2:8

Em poucos lugares do planeta é possível ouvir tantas línguas diferentes ao mesmo tempo.  Indígenas e não indígenas de 20 povos falavam 15 línguas diferentes e se entendiam. Eram aproximadamente mil pessoas que dançavam, cantavam, comiam, riam, conversavam e, acima de tudo, buscavam conhecer a vontade de Deus para suas vidas. Assim foi o Congresso Regional do CONPLEI em julho de 2017 em São Gabriel da Cachoeira (AM). Durante quatro dias, tivemos uma amostra do que será o céu, onde pessoas de muitas línguas e nações reunidas adoram o Cordeiro Santo.

Lembro de chegar ao Acampamento Vale de Bênçãos na manhã do primeiro dia do evento e me perguntar quem havia preparado tudo aquilo. Apesar de muito simples estava tudo bem organizado e em todos lugares víamos pessoas alegres por estarem participando daquele momento. Meus olhos pareciam não acreditar e mais uma vez eu me perguntava como uma igreja tão pequena, com tão poucas pessoas (35 adultos) e tão pouco recurso foi capaz de organizar tudo aquilo. Nenhum mobilizador ou coordenador seria capaz de realizar aquilo tudo, a não ser por um milagre, uma intervenção de Deus. Essa era a única e suficiente resposta.

Deus havia derramado abundante e misericordiosa graça sobre nossas vidas. Durante os dois anos que transcorreram de preparação desde 2015 vimos muitos milagres. O milagre de transformar um local de cheio de buracos e mato em um habitável e agradável acampamento. O milagre de construir alojamentos suficientes para mil pessoas. O milagre de conseguir prover alimentação para os participantes durante os dias do evento. Muitos milagres e muitas manifestações tangíveis do agir de Deus. Não poucas vezes recebemos apoio de irmãos e comunidades próximas que voluntária e alegremente vinham para doar seu trabalho, força, energia e alegria para servir a Jesus.

No tempo de preparação vimos muitos livramentos. Acidentes sendo evitados, pessoas ficando adoentadas mas recuperando rapidamente a saúde e o vigor apesar da idade e da fadiga do trabalho. Testemunhamos e nos alegramos em ver indígenas e não indígenas, nacionais e estrangeiros, chorando, sorrindo e lançando as preciosas sementes. Recebemos inúmeras mensagens de apoio, orações, ofertas, encorajamentos e manifestações de carinho e comprometimento com a obra do Senhor Jesus e com o Senhor da obra. Alegria grande tem sido poder servir e gastar nossa existência em um projeto que vale a pena; estando no centro da vontade de Deus, ainda que esta vontade nos leve ao coração da maior floresta do planeta.

Lá testemunhamos e registramos aquilo que nossos sentidos puderam captar mas maior ainda é o nosso espanto e deslumbre ao pensar naquilo que por Deus foi realizado nos corações de cada um dos participantes. Ficamos sem palavras em pensar nas sementes que seguiram na alma de cada indígena e não indígena que ali esteve e que retornará para suas aldeias, comunidades e cidades com uma mensagem capaz de revolucionar e mudar para sempre a própria vida e a vida dos que os cercam. Será o tempo do avivamento na vida dos povos da região? Será o início de uma nova era na evangelização desses povos?

Os últimos dois dias foram marcadas pelo batismo de 14 pessoas e na última noite nos emocionamos ao partir o pão e tomar o vinho contextualizados com beiju e açaí, revelando a singeleza do evangelho que faz sentido em todas as culturas e expondo com graça e verdade que a missão de Deus veio para resgatar perdidos de todos os povos e restaurar sua comunhão, cultura e coração. Foi uma festa linda, o Senhor da festa nos abençoou com sua Palavra e nos desafiou a acertar o rumo e seguir proclamando essa mensagem a todos que nunca a ouviram. Encerrou-se então a sagrada liturgia com festa, danças, cânticos e expressões de louvor, adoração e comunhão de gente que saiu daquele lugar sendo mais gente, mais crente, mais servo e mais feliz.

A todos que fizeram parte disso, direta ou indiretamente, muito obrigado. Ao Senhor da obra e da missão seja a honra e a glória em todos os tempos e nações.

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