Ela traduziu John Stott em suas palestras no Brasil, nos anos 80, e achava que não servia para nada. Antonia Leonora van der Meer (Tonica), ex-diretora do Centro Evangélico de Missões é, “oficialmente”, aposentada, embora continue dando aulas, e trabalhando no cuidado integral a missionários e visitando presos. Doutora em missiologia, trabalhou como obreira da Aliança Bíblica Universitária e também como missionária em Angola e Moçambique por 10 anos.

Tonica também é autora de, entre outros, Sangue, Sofrimento e Fé, Missionários Feridos e também colaboradora da revista e do portal Ultimato.  Confira o nosso papo com a Tonica em mais um “Na Varanda com o Autor”.

Alguma pessoa ou livro, em especial, influenciou sua aproximação da leitura e da escrita?

Gosto muito de ler desde pequena e sempre pensei em escrever. Fiz umas poesias antes de saber escrever. Ganhei um prêmio por um conto que escrevi sobre um menino na rua no Rio de Janeiro, quando adolescente. Gostei imensamente dos livros da série de Nárnia, também dos Irmãos Karamazov, de Dostoievski, além de livros infantis em holandês.

Quando se abriu a oportunidade de estudar na universidade queria um curso que me ajudasse a escrever. Por isso, e por gostar de línguas, escolhi letras.

Quando a inspiração para escrever não vem…

Nem sempre tenho inspiração. Às vezes anoto uma pequena ideia e outra, olho o que eu mesmo ou outra pessoa já escreveu, e depois de alguns dias tento de novo.

O que os adultos devem ler para as crianças?

Livros, contos, poesias, histórias bíblicas. Coisas que são interessantes, bonitas, com aventuras, pode ter perigo ou luta, mas sempre há uma esperança na proteção de Deus e/ou de pessoas boas disponíveis.

Que conselho você gostaria de ter recebido na sua juventude?

Por vários anos tive complexo de inferioridade e achava que não servia para nada. Na mesma época morreram várias pessoas muito queridas da família, um tio, duas tias, o avô, um primo bebê. E tive uma enfermidade recorrente que afetou muito meu olho direito, que hoje só tem 10% de visão. Até duvidava que Deus podia me amar. Umas boas conversas que me encorajassem e valorizassem teriam ajudado. Minha mãe era boa de conversa, mas também muito ocupada (criou 7 filhos, cozinhava, fazia pão, tinha horta, costurava nossas roupas, etc.).

Como você lida com o envelhecer?

Ainda não me sinto velha, mas não tento negar minha idade. Continuo envolvida em várias tarefas e ministérios com muito ânimo e alegria. Mas percebo que as viagens me cansam muito mais e baixam minha resistência, assim tenho de me cuidar e poupar um pouco. Ainda gosto de trabalhar com jovens, e tenho participado dos Congressos VOCARE com muita disposição. Procuro cuidar de uma alimentação saudável e fazer exercícios físicos. Continuo amando a natureza ao meu redor (flores, árvores, pássaros, cachorros, rios).

O que mais a anima e o que mais a incomoda no meio evangélico?

O que mais me anima é o dinamismo de vários movimentos jovens, como VOCARE e o movimento Lausanne, principalmente o envolvimento e dedicação dos jovens que estiveram na Indonésia no Lausanne Jovem de 2016. Também vários grupos de louvor, e pessoas compondo louvores com rico conteúdo bíblico de adoração, e muitas vezes com melodias e ritmos bem brasileiros. Também vários congressos com temas muito ricos.

O que me incomoda: Creio que há um excesso de congressos, pessoas tornam-se especialistas em missões e outros temas, baseadas apenas na participação em congressos, sem mão na massa. Gasta-se muito dinheiro em viagens e boas hospedagens que poderia ter sido investido em projetos muito mais necessários. E ainda, olhando a lista de preletores dos congressos, vemos que há 10 % ou menos preletoras femininas. Enquanto no ministério prático, tanto em missões transculturais como no serviço aos mais carentes, há uma percentagem muito significativa de mulheres dedicadas.

Que conselhos você daria a jovens vocacionados para o trabalho em missões?

Se você tem a convicção crescente que Deus o chama para o trabalho missionário, não fuja desse chamado. Siga adiante buscando formação, apoio na igreja e na família, e também uma agência com o tipo de serviço e lugar onde crê que deve servir. Não vai ser muito fácil, podem surgir muitas dúvidas, mas busque pessoas dispostas a lhe dar apoio, ouvir, orar com você. Creio que haverá muitas alegrias e satisfação no caminho da obediência. No meu caso foi uma satisfação muito grande, com lutas, sim, mas muito mais alegrias!

Um relato da carreira missionária:


LEIA AQUI o primeiro artigo de Tonica publicado na Ultimato, em julho de 1992.

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» O Meu Lugar no Mundo: “Se era a vontade de Deus, não podia dizer não!”

 

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