Em O Ajuste Fino do Universo, o cientista e teólogo Alister McGrath afirma que o crescente interesse pelo diálogo entre as ciências naturais e a teologia cristã indica que a teologia natural é um ponto de encontro conceitual entre os dois campos. O autor diz ainda que a teologia natural está relacionada a discernimento, a ver a natureza por meio de um conjunto particular e específico de lentes.

 

Em entrevista ao site Apologetics 315, McGrath respondeu a algumas questões sobre teologia natural, que destacamos aqui:

Você poderia descrever a teologia natural brevemente, e em seguida explicar qual papel você crê que ela exerce para a apologética cristã hoje?

Bem, a ideia da teologia natural pode tomar várias formas, mas todas elas têm uma coisa em comum: que de alguma forma podemos usar o mundo natural ao nosso redor como um tipo de canal para ajudar pessoas a encontrarem a Deus. Em outras palavras, você está argumentando a partir da criação em direção ao criador. De muitas maneiras, este é o tema do primeiro verso do Salmo 19: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”.

“Você vê a glória dos céus? Bem, isto não aponta em direção à glória ainda maior de Deus?”. E esse é o ponto no qual muitas pessoas estão em nossa cultura. Elas têm um senso muito real de respeito pela natureza, têm amor por ela, apreciam sua beleza. Um das coisas que podemos fazer é tentar dizer: “Olhe, o que você está fazendo é admirar ou amar algo que Deus fez. Não seria o próprio Deus melhor ainda?”. Então, isso é usar a natureza como um ponto de partida.

Isso não é dizer que a natureza é Deus, e certamente não é dizer que a natureza nos diz tudo que precisamos saber sobre Deus. É dizer que a natureza pode ser uma porta de entrada, um ponto de partida para discussões muito importantes sobre Deus. Tudo isto precisa ser moldado e baseado nos ensinamentos bíblicos, mas até mesmo os ensinos bíblicos frequentemente sugerem que podemos começar com os interesses das pessoas na ordem natural e, então, usar isto como uma forma de guiá-las para além deles, para descobrirem o próprio Deus.

Que outro tipo de antecedentes bíblicos ou apelos à teologia natural você vê, e como você encorajaria as pessoas a utilizarem argumentos da teologia natural?

AM: Bem, acho que podemos olhar para o capítulo 1 de Romanos, ou, é claro, o discurso muito famoso de Paulo em Atenas, aquele conhecido como o discurso de Areópago, de Atos 17. No caso do discurso em Atenas, Paulo, de muitas maneiras, está encarando o fato de que a sua audiência grega não conhece nada do Antigo Testamento, então como ele poderia explicar quem é Cristo? De muitas formas, a sua resposta é um apelo à doutrina da criação – a ideia de que há alguém que fez tudo isso e que, de alguma forma, este Deus pode ser conhecido.

E o que Paulo acaba dizendo é: “O que vocês adoram como desconhecido, este proclamo a vocês”. Em outras palavras, “vocês têm um profundo sentimento de que há algo a mais por aí. Bem, lhe direi quem é este e como vocês podem encontrá-lo”. Acho que isto é muito útil porque há muitas pessoas que têm este sentimento de que a natureza está apontando em direção a algo maior, mas elas não sabem como encontrá-lo. E acho que o nosso privilégio pode ser ajudá-los a usar a natureza como uma porta de entrada para descobrir a realidade maior por trás disso.

A tradução completa da entrevista pode ser lida no site da NAPEC – Apologética e Cosmovisão Cristã.

O Ajuste Fino do Universo é o lançamento de setembro de Ultimato.

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