Versão ampliada da entrevista com Sheryl Haw, oferecido como Mais na Internet, na revista Ultimato edição #367.

Missão Integral é local e é também global

Sheryl Haw diretora internacional de Miqueias Global

Se você visitar o site de rede Miqueias Global [MG] vai se surpreender com a diversidade de assuntos e a abrangência das ações. Atualmente são 723 membros, de 92 países de todos os continentes – igrejas, alianças evangélicas, organizações de socorro e de desenvolvimento, agências missionárias que se reuniram em torno de um objetivo comum: seguir o conselho de Deus conforme exposto por Miqueias [6.8]: “Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige: Pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus”.

Sheryl Haw está ligada à MG desde 2010. Em 2015, foi nomeada Diretora Internacional. Ela nasceu e cresceu no Zimbabwe, onde sua família reside. Nos últimos 20 anos trabalhou na área de ajuda, 13 dos quais junto à organização Medair (organização cristã humanitária que atua em lugares remotos e contextos de crise). Durante 5 anos, trabalhou com a HAP International (Humanitarian Accountability Partnership) como Gerente de Desenvolvimento de Padrões e Certificação e auditora de contas. Ela também lecionou no All Nations Christian College sobre Missão Integral e Prática de Desenvolvimento.

Em junho de 2017, Sheryl esteve em Vitória, ES, para o estabelecimento da MG no Brasil, evento que contou com o apoio de Ultimato, membro de MG há quase 10 anos.

Como e quando começou a rede Miqueias Global?

Os primeiros fundadores da MG se encontraram em Kuala Lumpur em 1989. A primeira consulta global formal da Rede Miquéias aconteceu em Oxford, Reino Unido em setembro de 2001. Costumamos usar essa data como o lançamento formal. Eles foram inspirados a começar a Rede Miquéias porque desejavam: uma plataforma onde vozes e opiniões do sul e norte e de oeste e leste pudessem ser ouvidos com o mesmo respeito e onde houvesse espaço para todos; encorajar e melhorar ativamente a capacidade cristã de responder a situações de pobreza, desastres e injustiça e fortalecer a cooperação entre organizações cristãs de ajuda humanitária e congregações locais. Eles acreditavam que o caminho para isso era a promoção da missão integral, buscando transformar a maneira que se entendia a missão e enxergar a comum responsabilidade de se engajar na Missão de Deus.

Como ela se estrutura?

A MG é uma organização de associados. Uma Diretoria coordenadora internacional é formada por talentosos e inspirados indivíduos de cada região. A Diretoria indica um Assistente Executivo Global para administrar a implementação das atividades cotidianas. Este trabalha com membros para formar grupos de trabalho regionais e sub-regionais que guiam a aplicação contextual da missão Miquéias e ajudam a coordenar eventos regionais. Pela eficácia local, Miquéias prioriza o desenvolvimento da missão a nível nacional por meio da formação de expressões nacionais. Cada expressão nacional almeja ser um catalisador, formar uma plataforma de networking e desenvolver um movimento Miquéias que seja adequado ao seu contexto.

Em que países a Miquéias Global mais tem crescido e a que atribui este crescimento?

A MG tem 763 membros de 92 países. Tem outros 9.200 contatos de 125 países. A maioria dos nossos membros é do sul global. Atualmente, a MG tem 47 expressões nacionais. Há um crescimento global contínuo e, normalmente, vemos picos de crescimento durante e logo após organizarmos eventos dentro de um país. No momento, há um crescimento na América Latina, logo após a Consulta Global que ocorreu no Peru em setembro de 2015.

Você pode nos dar uma visão geral sobre a Missão Integral em todo o mundo?

Em primeiro lugar, missão integral não é uma coisa nova. Em todo o Antigo Testamento, Deus chamou Israel para ser uma bênção para todas as nações. No Novo Testamento, vemos isto de forma ainda mais clara e plena em Jesus Cristo e no modo como ele viveu, e também em seu chamado para o seguirmos e fazermos o mesmo.

Então, o que houve de errado? Teríamos muito a dizer aqui, mas podemos citar as dicotomias que começaram a aparecer na igreja. Uma das dicotomias básicas, que acredito ser a maior barreira para o Evangelho em nossos dias, é a divisão entre crer e viver. Muitas pessoas se denominam cristãs, mas não vivem isto em seu dia a dia e o mundo enxerga isto como hipocrisia. Outra grande dicotomia é a que divide a liderança e os leigos. Vemos congregações colocam toda a responsabilidade do serviço sobre os ombros dos líderes – terceirizando suas responsabilidades – e a igreja torna-se apenas uma instituição religiosa administrada por especialistas em questões religiosas. Outra dicotomia: missão tornou-se apenas proclamação e evangelização através de palavras e seu sucesso começou a ser mensurado através do número de igrejas plantadas e de pessoas batizadas. A assistência social tornou-se uma abordagem profissional para atender às necessidades físicas das pessoas.

Portanto, para tratar dessas dicotomias, destacamos a necessidade de ser integral (unindo novamente aquilo que havia sido separado). Eu diria que o nosso entendimento teológico de missão integral cresceu e espalhou-se pelo mundo, especialmente entre os meios acadêmicos, porém ainda temos uma longa caminhada até chegarmos à sua aplicação prática. Junto com isto, como em qualquer movimento, existem também equívocos que levam a interpretações e aplicações errôneas. Às vezes vemos o termo missão integral sendo usado para descrever um projeto, mas missão integral é uma forma de viver holisticamente uma vida que se expressa em palavras, ações e sinais de transformação. Os críticos da missão integral dizem que o foco concentra-se demais em atividades sociais, com poucas evidências de proclamação. Eles estão certos em nos alertar e precisamos ficar atentos.

Você pode mencionar alguns aspectos notáveis em uma região ou país específico que demonstre o vigor da Missão Integral?

Aqui estão alguns exemplos: Recentemente, organizamos uma consulta em Missão Integral e Liberdade em Zâmbia e focamos no tráfico na África. Convidamos o Ministro de Relações Interiores para passar o dia conosco. Depois do evento, ele disse que ficou tão impressionado que daria permissão à Rede Miquéias para treinar toda a equipe do sistema judiciário e a polícia.

O CEO da Tearfund do Reino Unido participou de uma reunião da Rede Miquéias em 2006. Durante esse encontro, ficou tão convencido de que a igreja local era o ponto central que retornou ao Reino Unido e refez a estratégia da Tearfund UK para mobilizar igrejas locais. Nasceu o projeto Tearfund MIC (Mobilização de Igrejas e Comunidades). De acordo com um relatório atual da Tearfund, eles alcançaram 132 mil igrejas.

Em Camarões: um líder sênior foi convidado a participar de nossa Consulta da Miquéias Global em Thun, Suíça, por um membro Miquéias. Ele não concordava com a missão integral e sentia que apenas a proclamação era necessária. Não concordava também com mulheres na. Permaneceu conosco durante uma semana, ouvindo e assistindo. Ele retornou a Camarões um defensor da missão integral e a favor de mulheres em papéis de liderança.

Que expectativas se tem a partir do estabelecimento da MG no Brasil? De que forma igrejas e organizações podem se envolver? A participação individual também é incentivada?

A Miquéias Brasil busca criar uma plataforma de apoio onde a missão integral e sua aplicação possam ser compartilhadas, discutidas e colocadas em prática em conjunto. Almeja ser um movimento pela transformação. Organizações de ajuda humanitária e de missões, igrejas, outras redes e alianças e indivíduos são convidadas a caminhar juntos pela visão comum de ver comunidades que vivam a vida em toda a sua plenitude, livres de pobreza, injustiça e conflito. Como um movimento, a Miquéias Brasil também precisa ser um catalisador e uma voz profética no Brasil.  Esperamos que aconteçam reuniões itinerantes anualmente e que, aos poucos, cada região desenvolva o que chamamos de grupos catalisadores para poderem impactar cada comunidade. Esperamos que a existência da Miquéias Brasil também signifique que possamos reunir e ouvir a voz do Brasil em encontros regionais e globais de forma mais efetiva e tornar acessíveis para o resto do mundo os recursos e o aprendizado do Brasil.

O Brasil vive tempos de grande polarização política e isso tem dividido os cristãos e enfraquecido a luta por causas que antes os uniam. MG certamente já acompanhou experiência semelhante em outros países. Como superar esta fase ou que estratégias utilizar para minimizar os efeitos dessa polarização?

Focando naquilo que nos une. Criando um espaço para ouvir uns aos outros, lendo e estudando as Escrituras juntos e agindo juntos em questões importantes. Criando espaços para reconciliação e cura. Com mensagens persistentes e boas que ensinem sobre como Deus nos chama a seguir o Príncipe da Paz. Com oração e humildade e discernindo como trazer Shalom. Expondo o verdadeiro cerne da discórdia.

Você tem muitos anos de serviço prestados à causa dos mais pobres. O que a levou a se envolver e dedicar sua vida a isto?

Pessoalmente, quando realmente comecei a ver os pobres e oprimidos, senti-me atraída a trabalhar com eles. À medida que lia a Bíblia, vi mais e mais que o coração de Deus sempre ama o pobre e o vulnerável. De fato, é assim que são descritos aqueles chamados justos (Abraão, Jó, etc). Seguir Jesus significa que caminharemos sempre com os necessitados. Estar com os pobres desperta os dons e os frutos do Espírito. É uma mistura. Jean Varnier afirma que a verdadeira maturidade cristã é quando temos sensibilidade e amor pelos pobres. Amor não é apenas um sentimento. Na verdade, se fosse esse o caso, não cuidaríamos dos pobres, pois não é fácil. Amor é uma decisão acompanhada por ação. O oposto do amor não é o ódio, é egoísmo. Como podemos seguir aquele que deu tudo quando não somos capazes de dar tempo e apoio aos necessitados?

Sua experiência como Gerente de Desenvolvimento de Padrões e Certificação e Auditoria de contas por 5 anos certamente a tornou mais consciente da necessidade de padrões de excelência e accountability. Que diagnóstico você faz de organizações cristãs de desenvolvimento com relação a isto?

Alguns anos atrás, visitando alguns projetos na Libéria, fui informada por uma organização humanitária cristã que seus programas eram de alta qualidade por serem cristãos. Claro que deve haver uma correlação direta entre trabalho de qualidade e ser cristão e autêntico, deve haver uma demonstração de integridade e boa prática. Entretanto, o pressuposto de que ser cristão leva à qualidade é infelizmente idealista. Se usarmos apenas indicadores qualitativos estabelecidos por Organizações de Norma Humanitária ou Organizações de Certificação e Credenciamento de Qualidade, talvez descubramos que muitos métodos nossos são bons e muitos, nem tanto. Claro que devemos procurar sempre melhorar nosso impacto e eficácia para aqueles que buscamos servir.

No entanto, o que precisamos melhorar é o monitoramento e a avaliação à luz do que dizem as Escrituras. Nosso chamado e nossa missão provém da Missão de Deus que é a reconciliação de todas as coisas com Ele. Precisamos avaliar nossas atividades, estratégias e planos à luz de toda a Mensagem da Bíblia. Certamente, nossa identidade singular deve estar primeiramente e principalmente alinhada com o que Deus nos chamou para fazer, como está descrito em toda a Bíblia (não apenas em alguns textos isolados para apoiar nossos objetivos).

Quais são as questões globais mais relevantes que fazem parte da agenda da MG para os próximos anos e por quê?

No momento, a estratégia de ativismo da Miqueias é:

O Plano Libertador de Deus: Ao trabalhar com os objetivos de sustentabilidade, buscamos explorar como o desejo de libertação e restauração de Deus para todos pode ser cumprido plenamente dentro e por meio dessa estrutura. Realizamos um mês de conscientização e treinamento e esperamos provocar um aumento de iniciativas de ativismo em cada condado. Ocorre no mês de outubro (mês Miqueias) para coincidir com o Dia Internacional da Pobreza – 17 de outubro. A caixa de ferramentas de recursos (sermões, reflexões, atividades) é disponibilizada para todas as expressões nacionais compartilharem com seus membros e igrejas.

Iniciativa de Missão Integral: É a promoção e o treinamento em missão integral e o que isso significa, na prática, por meio da transformação da comunidade. Usamos a sigla TRAIN para ajudar a explicar do que se trata:

  • Teaching: Ensinar teologia e prática da missão de Deus
  • Restauração se aproxima: Garantir respostas holísticas e definidas pela Bíblia
  • Auxiliar: Ao mentorear, conectar, equipar membros para viver a missão integral
  • Initiate: Criar oportunidades para aprender, compartilhar e agir juntos
  • Networking: Estabelecer uma rede de contatos entre organizações e indivíduos semelhantes para fortalecer e multiplicar uma abordagem missional

Iniciativa de Paz e Reconciliação: A mensagem da reconciliação está no coração do evangelho e somos, de fato, chamados a um ministério de reconciliação. A MG lidera treinamentos sobre a cura do conflito étnico, conflito de gênero, conflito nacional e até mesmo denominacional, porque seguimos o Príncipe da Paz.

Iniciativas de Ativismo em Cooperação com Membros: Uma parte do que significa pertencer a uma rede é ser um megafone para trabalhar com excelentes iniciativas reunidas por membros. No momento, a MG está envolvida nas seguintes atividades:

  • Renew Our World Campaign (Campanha Renova Nosso Mundo), com foco em mudanças climáticas
  • Enfrentamento da violência infantil
  • Enfrentamento da violência de gênero (da violência doméstica ao tráfico humano e desigualdade de gênero)
  • Urban Shalom Project (Projeto Shalom Urbana): Capacitar comunidades e cidades em busca da “shalom”

Por que escolhemos isso? É a implementação da nossa visão. É o que os nossos membros nos pediram e o que cremos serem as áreas de maior necessidade. Demonstra uma abordagem missional e integral pela “shalom”.

Como Miqueias Global vivencia e incentiva a unidade e a cooperação no nível global?

Unidade (um valor central da MG) e cooperação não acontecem naturalmente, demandam intencionalidade. Cremos que parceria e cooperação são a realização da missão de Deus. Somos mais eficazes quando trabalhamos juntos e é mais enriquecedor para todos, mas é necessário mais esforço para se alcançar.

Como a MG coloca isso em prática? Por exemplo:

  • Governança: A diretoria da MG é escolhida levando todas as regiões em consideração e o idioma não é um fator na decisão. Por exemplo, temos um membro da diretoria da Argentina que não fala inglês e, por isso, providenciamos um intérprete para acompanhá-la nas reuniões. A diretoria busca não apenas ser representativa de cada região, mas também ser equilibrada em gênero e diversa em dons. Os membros da diretoria vêm de organizações grandes ou pequenas.
  • Igualdade entre membros: Cada membro é tratado igualmente, seja uma grande agência humanitária ou uma pequena organização de missão nacional. Não há taxa para membros, pois poderia ser restritiva para algumas iniciativas muito pequenas. Em vez disso, convidamos cada membro a contribuir anualmente dentro das suas possibilidades, as quais ele discerne, por meio da oração, ser o que Deus quer que ele dê.
  • Igualdade em eventos: Nos eventos da MG, não utilizamos títulos nos crachás (removemos todos os “doutor”, “professor”, “reverendo” etc.) e usamos apenas os nomes das pessoas. Não para desmerecer suas realizações, mas para dizer que, quando nos reunimos ao redor da mesa para discutir, somos iguais. A MG nunca teve uma mesa principal para palestrantes ou as chamadas “pessoas importantes”. Organizamos o local para que todos fiquem juntos.
  • A MG garante que todos tenham a oportunidade de falar e de ser ouvidos por meio das redes de networking e por meio de planejamento. No evento trienal, desenvolvemos uma plataforma chamada M-phatics. É semelhante às TED talks, porém com uma duração ainda mais curta, o que permite que muitas pessoas possam compartilhar seu aprendizado.

A cooperação é alcançada por meio do convite aos membros para trabalharem juntos em comunidades de prática (communities of practice – CoP) pelos objetivos estabelecidos. Por exemplo, temos uma CoP chamada Iniciativa Shalom Urbana, que é liderada por três pessoas: ISUM (Sociedade Internacional de Missão Urbana), Cuidado com a Criação AEM e um profissional da comunidade. Esses líderes convidam membros dos países para facilitar os Fóruns de Shalom Urbana e discutir como ajudar as áreas mais pobres das cidades a serem transformadas. Eles também são conectados às iniciativas urbanas da ONU e trabalham com ela em direção a esses objetivos.

Qual é o papel da oração para a MG? Que lugar ocupa a oração na agenda da MG?

A oração é essencial para a missão integral e para a MG. De fato, frequentemente afirmamos que um sinal de transformação é o modo como oramos – será que está cada vez mais missional e mais engajado? A MG produz um boletim de foco de oração mensal chamado “Ignite” (Incendeia), que reúne questões de interesse enviadas por membros e tópicos relevantes nas notícias. O boletim também contém uma reflexão curta para ajudar a aprofundar o nosso entendimento acerca da missão integral e da intercessão.

Quantos países você visitou nos últimos 365 dias? Como dá conta de uma agenda tão extensa?

Quinze países. A saga da viagem e do aeroporto é uma chateação, mas a alegria de estar com pessoas incríveis, cujos testemunhos revelam Deus, não é um peso – é um privilégio e uma inspiração. O verdadeiro desafio é tentar acompanhar o crescimento acelerado e as demandas do e-mail! Às vezes, a tensão vem das limitações financeiras. Embora seja difícil, dou valor a elas, porque nos deixam mais atentos em relação aos recursos que temos para maximizar o impacto e também fazem com que dependamos mais uns dos outros.

A MG tem ações relacionadas aos refugiados em sua agenda? A rede fomenta a discussão ou mobiliza grupos em favor dessa causa?

Os escritórios nacionais da MG têm colocado refugiados e migrações em suas agendas e, no ano passado, organizaram uma série de eventos sobre o assunto. A MG tem parcerias com outros membros para aprofundar essas discussões, o que faremos em 2018, durante a Consulta Global, pois cremos que é uma das principais questões enfrentadas pela nossa geração – migrações gigantescas.

Como uma rede tão grande (“estendida” por mais de oitenta países e com número expressivo de parceiros) mantém o foco em Deus e segue andando humildemente com ele?

Começa com cada um: Encorajamos cada membro da equipe e cada organização-membro a priorizar sua caminhada com Jesus e a enxergar a igreja local como um agente de transformação, a noiva de Cristo.

Todo o nosso trabalho e ações têm uma integração de teologia e prática expressa por meio do testemunho da nossa caminhada com Cristo.

No início deste ano, um dos nossos coordenadores nacionais e pastor local roubou dinheiro que havia sido dado por outros membros para uma oficina. Para isso, ele forjou assinaturas, forjou também um certificado de divórcio da sua esposa e mentiu para o seu comitê nacional, dizendo que eu o havia convidado para uma conferência na Austrália. Quando descobri, tentei encontrá-lo para buscar o seu bem e o seu retorno. Isso não foi possível, então tivemos de denunciar as suas ações a todos e informar as autoridades. Foi uma dura ruptura, pois ele havia sido um de nós, participado de eventos, liderado sua igreja. Pergunto-me o que Jesus sentiu com Judas, com Pedro, quando ele falhou, e com os outros discípulos, quando eles fugiram.

Imagino que episódios desoladores assim acontecerão mais algumas vezes, mas buscaremos, com toda a humildade, redimir e restaurar, reconciliar e curar. Lidaremos também de maneira justa. Creio que, quanto mais andarmos juntos e inspirarmos uns aos outros, menos isso acontecerá. Creio também que precisamos encarar esses problemas que atormentam as igrejas: falta de integridade, corrupção etc. Alguns membros podem vir a se juntar à MG para obter algo para si. Porém, estou convencida de que, à medida que conviverem com outros que servem incondicionalmente e com grande generosidade, eles mesmos serão transformados.

Notas:
• Tradução: Mariane Lin e Valéria Bacon
• Contribuíram com as perguntas: Serguem Silva, Tânia Wuziki, Wilson Costa

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