Especial Lausanne III – Em um seminário sobre islamismo, o dirigente apresentou a forma mais profunda de contextualização do evangelho numa cultura muçulmana, o que é um assunto polêmico e geralmente questionável. No final da sessão, quando foi aberto o período para perguntas, um ex-muçulmano do Norte da África, hoje pastor, comentou que esta forma profunda de contextualização (conhecida pelos missiólogos como C5, que defende, por exemplo, a continuidade da prática das cinco orações por dia e outras coisas próprias da cultura islâmica) não é desejada pelos próprios convertidos; é, antes, uma imposição dos estrangeiros que trabalham entre eles e acham que as coisas devem ser assim, extremamente adaptadas.1

Isso lembra bem o ex-católico convertido a uma igreja evangélica no Brasil, que não deseja manter seus costumes do passado, como o sinal da cruz, por exemplo; ou o ex-espírita, que não se sente muito bem com a batida dos tambores na igreja. O convertido é de tal maneira transformado que deseja distância de qualquer prática que se assemelhe à sua crença religiosa anterior.

O pastor árabe foi interrompido em sua reflexão. O dirigente alegou que aquele espaço era destinado a perguntas, e não a comentários. Por insistência e apoio da plateia, o pastor pôde continuar a sua fala, comentando também que em seu país ele nunca pode falar, e que esperava poder falar num congresso evangélico. Muitos o aplaudiram e cumprimentaram por sua ousadia e coragem.

O que aconteceu ao pastor árabe deve servir de lembrete. Precisamos sempre ouvir a igreja nacional, para que eles possam avaliar e decidir a forma mais apropriada de ser igreja, enquanto nos dispomos a servi-los em oração e cooperação.

Nota

1. Os preletores colocaram C5 como aceito por alguns nacionais, mas, no geral, de fato não é. É verdade que determinados nacionais que alegam aceitar C5, quando questionados sobre a doutrina da Trindade, revelam-se mais Testemunhas de Jeová do que evangélicos. (Observação de Silas Tostes.)

Enviado por Délnia Bastos

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