Especial Lausanne III, por Délnia Bastos

Lausanne me proporcionou um reencontro especial – alegre e triste ao mesmo tempo. De repente, no ônibus que nos levava de volta ao hotel, reconheci o Humberto Nazaré, velho amigo da nossa época vivida em Moçambique. Encontrar e conversar com o Humberto, agora pastor e diretor de relações eclesiásticas da Visão Mundial na província da Zambézia, depois de 23 anos, foi um presente de Deus para mim. Tivemos um tempo bom de colocar em dia as notícias sobre nossos conhecidos comuns daquela época. Dora, irmã Josina, pastor Nicolau, Damião…

Damião trabalhava em nossa casa-escritório, ajudando nas tarefas domésticas, o que era comum em Moçambique. Ficamos muito amigos. Quando o filhinho dele nasceu, ele nos pediu para dar o nome. Demos duas opções para que ele e sua esposa fizessem a escolha final: Emmanuel (nome do pai do meu marido, de mesmo nome) e Elben (nome do meu pai). Damião e sua esposa escolheram Elben, quando batizaram seu filhinho na igreja católica.

Com muita tristeza, Humberto agora me diz que o Damião ficou com um problema mental, impossibilitado de trabalhar. A esposa sobrevive com a venda de bebida alcoólica. Um dos filhos envolveu-se na criminalidade. O Elben está com 23 anos, estudando, e, por feliz influência dos avós e bênção de Deus, frequenta uma igreja evangélica.

Humberto compartilhou ainda que a família do Damião sempre esperou algo da nossa parte. Na cultura moçambicana o fato de dar o nome a um filho é tremendamente comprometedor. Você se torna padrinho ou madrinha da criança, assumindo certo compromisso até por sua educação futura. Infelizmente, na nossa inexperiência transcultural, não percebemos isso àquela altura. Foi muito pesado saber agora que a família nutriu essa expectativa a nosso respeito, enquanto passava por tantos problemas. (O contato havia se perdido num remoto 1988, sem internet.)

Enviei, pelo Humberto, uma foto da nossa família e o nosso endereço para o Elben. Não sei o que o futuro nos aguarda. Provavelmente ele fará contato. Peço a Deus que abençoe aquela família. Peço também que, mesmo tardiamente, Ele nos permita estender o nosso abraço e amizade.

  1. Olá, seu artigo é realmente feliz e triste ao mesmo tempo. Foi muito importante para mim, pois conheço essa cultura moçambicana. Já passei por Moçambique várias vezes e também dei nome a uma menina na cidade da Beira. Eu queria que se chamasse Joana, mas acabaram dando meu nome. Hoje está com 3 anos de idade. Graças a Deus seus pais são crentes, mas contraíram AIDS. Isso significa um futuro incerto para a menina e também para mim. Estou orando muito por eles.
    Um grande abraço e que o Senhor a abençoe.

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